O mercado do café registrou intensa volatilidade nesta semana.
O mercado do café registrou intensa volatilidade nesta semana. As cotações futuras do arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) acompanharam a aversão ao risco no cenário externo, com a oscilação nos preços do petróleo – que movimentou o dólar –. Mas também repercutiu informações fundamentais, como o bom desenvolvimento das lavouras no cinturão produtivo e a estimativa da Conab de alta produção para o Brasil.
Após recuar mais de 400 pontos na quarta-feira, chegando ao menor patamar em dois anos, o mercado realizou ajustes e acabou fechando em alta nas últimas duas sessões, recuperando-se das perdas. O vencimento março/16, mais próximo, fechou a semana com alta de 0,96%, saindo de 114,90 para 116,00 cents/lb.
Nesta sexta-feira (22), dando sequência a um movimento de recompra de posições por parte dos fundos iniciado ontem, os lotes com vencimento para março/16 encerraram a sessão de com 116,00 cents/lb e alta de 160 pontos, o maio/16 registrou 118,25 cents/lb com avanço de 165 pontos. Já o contrato julho/16 teve 120,15 cents/lb com 150 pontos positivos, enquanto o contrato setembro/16 anotou 122,00 cents/lb com valorização de 140 pontos.
“As cotações nas bolsas continuam a consolidar o atual espaço de trabalho. Mas continuo da opinião de que o café é um dos bons ativos para se apostar em 2016 devido às demandas crescentes, estoques frágeis e a imprevisibilidade produtiva”, afirma o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães.
Segundo informações reportadas pela Dow Jones Newswires, a alta nas cotações do café arábica hoje também está atrelada a interrupção no fornecimento do grão pela Colômbia por questões logísticas, explicou a agência internacional de notícias financeiras sem dar maiores detalhes. O País é o segundo maior produtor da variedade no mundo.
A Dow Jones ainda pondera que o enfraquecimento da moeda dos principais países produtores de café deve continuar incentivando as exportações, esgotando os estoques de café. O CNC (Conselho Nacional do Café), inclusive, informou ao Notícias Agrícolas nesta sexta-feira, com exclusividade, que os estoques privados do Brasil devem chegar em março com o menor volume da história, entre 4 e 5 milhões de sacas.
Após atingir a maior cotação na história do real, o dólar comercial reduziu os ganhos nesta sexta-feira – o que acaba dando suporte às cotações do café –, refletindo o bom humor nos mercados globais em meio à recuperação dos preços do petróleo e as expectativas de novos estímulos econômicos na zona do euro. A moeda estrangeira recuou 1,32%, cotada a R$ 4,1105 na venda.
Durante a semana, a divulgação da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para a safra 2016/17 do Brasil também movimentou o mercado. A instituição acredita que a produção do País nesta temporada fique entre 49,13 e 51,94 milhões de sacas de 60 kg do produto beneficiado. Se considerada a média de produção (50,5 milhões de sacas), esta pode ser a segunda maior safra da história, ficando atrás apenas de 2012, que foi de 50,8 milhões de sacas.
Com relação ao desenvolvimento da safra do Brasil, o clima continua beneficiando as lavouras de arábica e já há relatos de frutos em processo de maturação, o que reascende entre os especialistas a possibilidade de colheita antecipada, principalmente, no Sul de Minas Gerais.
Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP), as chuvas têm favorecido o desenvolvimento das lavouras de arábica em Minas Gerais e São Paulo. Já no Paraná, os produtores têm relatado problemas com os tratos os culturais por conta das fortes precipitações. Para o robusta, a situação melhorou um pouco nos últimos dias, com chuvas neste final de semana no Espírito Santo, maior estado produtor da variedade no Brasil.
Mercado interno
Nas praças de comercialização do Brasil, os negócios com café seguem lentos com os cafeicultores aguardando um melhor momento para voltar ao mercado. A alta do dólar na semana até ajudou a sustentar os preços, mas não animou os produtores. Por outro lado, as cotações do conilon seguiram sustentadas pela escassez do produto.
O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação hoje na cidade de Guaxupé (MG) com saca cotada a R$ 551,00 – estável. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Espírito Santo do Pinhal (SP) com alta de 1,89% e saca cotada a R$ 540,00.
Da sexta-feira passada para hoje, a cidade que registrou maior variação para o tipo foi Poços de Caldas (MG) com alta de R$ 34,00 (+6,63%), saindo de R$ 513,00 para R$ 547,00 a saca.
O tipo 4/5 também teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 553,00 a saca – estável. A maior variação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com valorização de 1,36% e saca cotada a R$ 521,00.
Para o tipo, conforme o gráfico, a maior oscilação na semana foi registrada em Poços de Caldas (MG) que tinha saca cotada a R$ 489,00, mas subiu R$ 32,00 (+6,54%) e agora vale R$ 521,00.
O tipo 6 duro teve maior valor de negociação na cidade de Araguari (MG) com R$ 520,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia ocorreu em Franca (SP) com avanço de 4,08% e saca cotada a R$ 510,00.
A variação mais expressiva de preço na semana para o tipo 6 foi registrada em Poços de Caldas (MG), por lá a saca estava cotada a R$ R$ 481,00 na sexta passada, mas teve valorização de R$ 17,00 (3,53%), e agora está em R$ 498,00.
Na quinta-feira (21), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 488,15 com alta de 2,72%.
Bolsa de Londres
As cotações do café robusta na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, fecharam em alta nesta sexta-feira em processo de ajuste e seguindo o bom humor no cenário macroeconômico, após cair por quatro sessões consecutivas e chegar ao menor nível em cinco anos e meio, com expectativas de ampla oferta do maior produtor da variedade, o Vietnã.
O contrato março/16 registrou hoje US$ 1389,00 por tonelada com alta de US$ 19, o maio/16 teve US$ 1421,00 por tonelada com avanço de US$ 20 e o vencimento julho/16 anotou US$ 1445,00 por tonelada com valorização de US$ 15.
Na quinta-feira (21), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 390,61 com avanço de 0,34%.