CAFÉ: ANO COMEÇA MAL PARA MERCADO

3 de fevereiro de 2012 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

O ano de 2012 começou mal para o mercado internacional do café, com queda nas cotações no mês de janeiro. No Brasil, o mercado físico também teve suas perdas, com a baixa do dólar sendo outro fator negativo para a composição interna das cotações.

O analista de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, destaca que o mercado de café ressentiu-se de novidades e fraquejou no primeiro mês de 2012. Os preços na Bolsa de Mercadorias de Nova York, que balizam o mercado internacional, sucumbiram ao pessimismo financeiro, enquanto os preços internos não encontraram mais apoio no dólar, observa. “Assim, tanto o mercado externo como o interno perdem importantes patamares, revelando mudanças em sua trajetória”, comenta.

Nos últimos meses de 2011, a Bolsa de NY mostrava uma margem clara de negociação que não vinha sendo rompida, com o contrato março ficando entre US$ 2,20 a US$ 2,40 a libra-peso. Barabach destaca que esse suporte em US$ 2,20 foi rompido em janeiro. “O vencimento março 2012 briga agora para não perder o fundo de 212,35 cents/lb, construído em 19 de dezembro de 2011”, ressalta o analista.

Barabach avalia que a exuberância do movimento de alta que marcou o andamento do mercado de café no ano de 2010 foi seguida pela consolidação dos ganhos em 2011, já expondo nos últimos meses, entretanto, uma alteração de traçado. E esse sinal do final do ano passado foi reforçado nesse principio de 2012, a despeito dos fundamentos sólidos, de oferta apertada em relação à demanda. Para ele, este é o efeito dos desdobramentos da crise financeira e da insegurança em relação ao futuro da economia mundial.

“O mercado de café, nitidamente, vem devolvendo os ganhos acumulados nos últimos anos. Para ser mais preciso, desde o princípio de maio de 2011, assumiu uma trajetória descendente”, aponta o analista. Tomando como ponto de partida junho de 2010, quando o vencimento março estava em torno de 155,00 cents de dólar por libra, o preço do café chegou a subir 102% até alcançar o seu pico no dia 5 de maio de 2011, negociado a 313,15 cents/lb. A partir daí entrou em queda, chegando ao fundo em 212,35 em 19/12/2011, e oscilando atualmente ao redor de 215 cents/lb. Nesse movimento, devolveu 62% do movimento de alta anterior, ressalta.
Em outras palavras, desta vez, o efeito da crise afeta de forma mais pesada o mercado de commodities.

Ainda há uma questão fundamental, que vem marcando de forma mais ou menos intensa o movimento de preços, que é a perspectiva de melhora na oferta, considera Barabach. Talvez não teremos a produção antes esperada para 2012, mas é inegável que haverá um crescimento na oferta, em particular da brasileira, ao longo do ano. E diante do impulso de preço não dá para descartar que haja o avanço também na oferta em outras origens, acredita.

A incerteza financeira e a melhora na oferta para 2012 justificam a inclinação negativa na linha de preço, resume o analista. “E a correção não é maior em virtude dos estoques apertados. A nova frustração com a safra da Colômbia e as incertezas climáticas em torno do desenvolvimento da safra brasileira e de outras origens, ajudam a segurar a ânsia vendedora”, conclui o analista.

No balanço de janeiro em NY, o contrato março do arábica caiu de 226,85 para 215,05 centavos de dólar por libra-peso, acumulando queda de 5,2%.

No mercado físico brasileiro, o arábica de bebida dura acusou o golpe externo e perdeu a importante referência de R$ 500,00 a saca no Sul e Cerrado de Minas Gerais. E o dólar, que era um parceiro nos momentos de baixa externa, agora acabou deixando o produtor na mão, lembra Gil Barabach. A divisa norte-americana que iniciou o ano acima de R$ 1,85 e chegou em setembro do ano passado a ser cotada a R$ 1,96, agora não passa de R$ 1,730. Ao longo de janeiro a moeda norte-americana acumulou desvalorização de 6,5%, impactando negativamente os preços do café no mercado físico.

No balanço mensal de janeiro, no sul de Minas Gerais, o café arábica bebida boa caiu de R$ 510,00 para R$ 480,00 a saca, acumulando perdas de praticamente 6%. (LC)

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