Café: Agricultores estão adubando menos nesta safra

Cafeicultores do cerrado mineiro estão adubando menos as lavouras. Eles estão desanimados porque o preço do grão não acompanhou o custo de produção. O agricultor Sérgio Segantini Bronzi produz café numa propriedade de 32 hectares em Araguari, no triângulo mineiro. Ele está preocupado com o rendimento das duas próximas safras, segundo reportagem do Globo Rural.
Por causa do alto preço do fertilizante químico o seu Sérgio resolveu manter a adubação orgânica dos últimos anos, mas diminuiu em 40% as aplicações de adubos químicos no solo dos cafezais. Só de nitrogênio costumavam ser 450 quilos por hectare.

“Estou mantendo a adubação orgânica. Mas eu fiz cinco coberturas de adubo no ano passado e esse ano, por enquanto, vou fazer só três porque, com o custo do adubo e o preço do café, eu não tenho condição de fazer mais do que isso”, disse seu Sérgio.


A economia de investimentos em fertilizantes químicos já apareceu na lavoura de seu Sérgio.
Não faltou crédito para comprar o adubo, mas confiança no retorno do negócio. De acordo com a Conab, o custo total da produção de uma saca de café em Minas Gerais passa dos R$ 275,00. São R$ 10,00 do que o preço do produto negociado esta semana em Araguari.

Relação de troca aumentou

A relação de troca de fertilizantes por café aumentou. Em 2007, o produtor precisava de três sacas de 60 quilos de café para comprar uma tonelada de adubo. Neste ano, ele necessita de quase 4,5 sacas.

Segundo os produtores, não é de hoje que o café vem perdendo rentabilidade. “Se você analisar quando início o plano real, o saco de café custava R$ 200,00. Hoje, custa R$ 260,00. Uma tonelada de uréia custava R$ 200,00. Hoje, custa R$ 1,3 mil. O salário era de R$ 70,00. Hoje, é de R$ 415,00. O litro de óleo diesel custava R$ 0,33. Hoje, sai por R$ 2,10. Então, você vê que está tudo contra nós. O que é relacionado ao nosso custo subiu 600% e o café só subiu 30%”, comparou Francisco de Assis, presidente da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado.
Segundo a Associação Nacional para a Difusão de Adubos, as vendas do produto tiveram uma queda de 6% de janeiro a novembro, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Arnaldo de Sousa