30, maio, 2010
Por Rafael Kato
É cachaça ou licor? Pode parecer uma pergunta estranha,
mas faz sentido para quem já provou. Abri hoje a minha garrafa de cachaça de
café, que comprei em Minas Gerais. A cor da bebida não tem relação alguma com a
famosa “branquinha”. Se tivesse no rótulo a palavra “mel” eu teria acreditado.
Na hora de tomar, vem a surpresa do gosto adocicado e do aroma suave. No final
do gole, eu seria capaz de falar que comi uma bala de café com um teor de
álcool.
Mas se a cachaça é de café, isso não faz dela uma cachaça. A legislação
brasileira define: “Cachaça é a denominação típica e exclusiva da aguardente de
cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de 38 a 48% em volume, a
vinte graus Celsius (°C), obtida pela destilação do mosto fermentado de
cana-de-açúcar com características sensoriais peculiares, podendo ser adicionada
de açúcares até seis gramas por litro, expressos em sacarose”. A regra não fala
nada de infusões, misturas, acréscimos de ingredientes ou de produtos químicos
com aromas.
Com isso, caros leitores, a bebida que tomei hoje é um licor, embora o
produtor diga que é cachaça. Os licores são bebidas alcoólicas com acréscimo de
frutas, ervas e outras essências.
Eu posso ter bebido o licor travestido de cachaça, mas ainda não perdi o
senso crítico.