Cacau dispara com crise na Costa do Marfim

25 de janeiro de 2011 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: Valor

AGRONEGÓCIOS
25/01/2011
 
Cacau dispara com crise na Costa do Marfim
 
 
Fabiana Batista | De São Paulo


A decisão do presidente eleito da Costa do Marfim de suspender por 30 dias as exportações de cacau do país fez os contratos futuros da commodity dispararem ontem nas bolsas internacionais. Em mais um pregão sob a influência da crise política no país africano, os papéis para maio subiram US$ 109 por tonelada na bolsa de Nova York, para US$ 3.282. Em Londres, o mesmo vencimento também teve forte valorização (47 libras) e fechou a 2.161 libras por tonelada.


O clima político conturbado na Costa do Marfim fez com que os preços do cacau iniciassem uma sequência de altas no fim do 2010. Desde o início de dezembro, as cotações subiram 19%, segundo o Valor Data, sendo que a curva tornou-se mais aguda em janeiro, no pós-eleição de uma das mais acirradas disputas políticas do país.


No mercado brasileiro, os preços também reagiram fortemente, de uma média de R$ 82,66 na sexta-feira para R$ 85,33 ontem na região de Ilhéus e Itabuna, na Bahia.


De acordo com agências internacionais, o presidente Alassane Ouattara, que foi reconhecido internacionalmente como eleito, enviou ontem uma carta aos principais exportadores do país banindo os embarques de cacau e café até 23 de fevereiro. No entanto, em alguns trechos, a comunicação não deixa claro se a restrição se refere a todo o volume exportado ou apenas às novas exportações – àquelas que ainda não detêm registro, informou o \”Financial Times\”. Ontem, a Cargill Inc. uma das maiores processadoras de cacau do mundo, suspendeu temporariamente suas importações da amêndoa a partir da Costa do Marfim, conforme a agência Bloomberg.


O analista Thomas Hartmann, radicado na Bahia, disse ao Valor que os efeitos da medida na Costa do Marfim vão trazer impactos apenas temporários. Em primeiro lugar, explica ele, por que o banimento vale por 30 dias. Em segundo, por que a restrição se refere, acredita ele, somente a novos volumes, ou seja, as exportações já registradas não será afetadas. Segundo traders ouvidos pelo \”Financial Times\”, em torno de 100 mil toneladas da amêndoa já estão registradas para exportação no país. Para Hartmann, esse volume já se aproxima de 300 mil toneladas.


No Brasil, os preços estão subindo, seguindo a alta internacional, mas são poucos os negócios que sendo fechados, diz Hartmann. \”Como estamos na entressafra, há pouco cacau disponível\”, afirma Hartmann.


Em 2010, o principal fornecedor externo da amêndoa para o Brasil foi a Indonésia com 33,7 mil toneladas seguido da Costa do Marfim, com 14,2 mil toneladas. \”O cacau da Indonésia traz vantagens de preços\”, diz Hartmann. O cacau é a principal fonte de receita do país, que responde por cerca de 40% das exportações globais da commodity.

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