27/10/14
A Brasil Terminal Portuário (BTP), inaugurado em agosto de 2013, liderou pela primeira vez a movimentação de contêineres no porto de Santos, desbancando a supremacia de mais de dez anos do Tecon Santos, da Santos Brasil.
A empresa, uma joint venture entre os operadores estrangeiros APM Terminals e Terminal Investment Limited (TIL), movimentou 70.269 contêineres em setembro, aumentando a participação no mercado de contêineres de Santos para 32,5%. No mesmo mês, a Santos Brasil ficou com 29,5% ao escoar 63.911 contêineres. No acumulado do ano a Santos Brasil continua com a maior fatia.
“Só vamos nos manter nessa posição com a continuidade de serviços inovadores prestados de forma ágil e eficiente a nossos clientes”, afirma Antonio Passaro, principal executivo da BTP, cargo que ocupa desde o mês passado.
A escalada dos números da BTP se acentuou nos últimos meses, depois que o trecho do canal de navegação em que o terminal está localizado pôde receber navios maiores. Quando inaugurou suas instalações, a BTP só podia receber navios com até 11,2 metros de calado, devido a problemas na obra de dragagem contratada pelo governo federal, enquanto seus principais concorrentes estavam aptos a atender porta-contêineres maiores. A limitação adiou a migração para a BTP de alguns serviços de armadores.
Em conjunto com o concorrente Ecoporto, da EcoRodovias, a BTP pagou a finalização das obras de aprofundamento do canal de navegação no trecho em que ambos estão localizados. O novo calado de 12,6 metros foi oficializado em julho e permitiu a chegada de navios maiores, incrementando os volumes já no mês seguinte. Os serviços de navegação iniciados em agosto na BTP são operados por navios com capacidade nominal média de 7 mil Teus (contêiner de 20 pés).
“Sem dúvida o aprofundamento, resultado do trabalho conjunto da Codesp [Companhia Docas do Estado de São Paulo] e outras autoridades competentes, proporcionou maior igualdade competitiva entre os terminais. Mas essa não foi a única contribuição, esse resultado de setembro também foi obtido graças ao empenho de toda nossa equipe interna”, diz Passaro.
A redistribuição de cargas conteinerizadas em Santos já era esperada com a chegada de novas empresas. A Embraport, igualmente inaugurada em 2013, também tem feito progressos. O terminal, cujos principais acionistas são a Odebrecht TransPort e a DP World, já ocupa a terceira colocação no ranking do cais santista.
O aumento da concorrência tem reflexo direto nos preços cobrados pelos terminais dos armadores, que aumentaram o poder de barganha. A estimativa é que tenha havido uma queda média de 15% nos preços em relação a 2013, apurou o Valor.
O presidente da Santos Brasil, Antônio Carlos Sepúlveda, enxerga a ultrapassagem da BTP como “natural”. “É um terminal que serve aos donos e os donos são os dois maiores armadores do mundo”. A APM Terminals pertence ao grupo Maersk, dono também do maior armador do mundo, a Maersk Line. E a TIL é ligada à MSC, segundo no ranking da armação de contêineres. “É uma condição muito especial, é um terminal verticalizado.”
Para Sepúlveda, quando os volumes do comércio exterior voltarem a crescer, os lugares devem se inverter. “Não temos nenhuma preocupação com ser número um, dois ou três. Isso é consequência do eterno esforço em sermos o melhor terminal, em conseguir compreender melhor o que o cliente quer. Quando o porto começar a crescer, vai ser natural voltarmos a ser o número um”, assegura.