Os sintomas ou sinais de ocorrência da praga são o surgimento de ramos laterais secos e com pequenos orifícios em algumas plantas
Por CaféPoint
A broca-dos-ramos de cafeeiros (Xilosandrus compactus) foi observada recentemente, pela primeira vez, ocorrendo em plantas de café na região de Mulungu, no estado do Ceará, em cafeeiros da espécie arábica. Ela é um pequeno coleóptero da família Curculionideae, subfamília Scolytidae (mesma da broca dos frutos), praga importante em cafeeiros de robusta da África, Ásia e Equador.
No Brasil, a primeira constatação de sua presença foi em 1998, em parcelas de canéfora no Sul da Bahia (Matiello et al.; 1998). De forma mais abrangente, a praga também foi constatada em 2005 nas regiões Norte, Central e Sul do Espírito Santo, em conilons (Daré & Fornazier, 2005; Matiello et al., 2005; Fornazier et al., 2009). Continua depois da publicidade
Em 2009, foi observada em cafeeiros robusta nas Matas de Minas (MG) (Matiello et al., 2009) e, em 2015, apareceu nessa mesma região em cafeeiros das espécies C. liberica e C. congensis, em uma coleção do Cepec (Centro de Pesquisas Cafeeiras Eloy Carlos Heringer). Por fim, em 2019, foi vista em pés de robusta em Rondônia (Matiello et al.; 2019).
Em condições de campo, a maior incidência da broca-de-ramos sempre foi observada em cafeeiros de materiais genéticos ou clones mais próximos de cultivares do grupo robusta, quando comparado a cultivares de conilon (Fornazier et al., 2009, 2011). A cultivar Apoatã parece ser mais suscetível à praga (Matiello et al., 2011).
Em 2021, observamos, pela primeira vez, a broca-das-hastes em cafeeiros arábicas da cultivar Arara, em Mantenópolis, no noroeste do Espírito Santo, em altitude de 730 m e numa área vizinha a plantios de diversos clones do grupo conilon que apresentavam infestação do inseto.
Como dissemos, a constatação atual da broca-dos-ramos foi feita em lavoura de café de Mulungu, região serrana de Baturité, no Ceará, a cerca de 120 km de Fortaleza, em condições de clima ameno. Inicialmente, a ocorrência foi observada em cafeeiros Acauã e, depois, também nos cafés Arara.
Essas lavouras são conduzidas sob sombra e a pleno sol, todas com irrigação. Os sintomas ou sinais de ocorrência da praga são o surgimento de ramos laterais secos e com pequenos orifícios em algumas plantas. Com um corte longitudinal do ramo, verificamos galerias internas na região da medula, onde encontramos indivíduos adultos da broca. As fotos abaixo ilustram esses sintomas.
O ataque da broca-dos-ramos em uma região onde não há cafeeiros robusta e com poucas lavouras de café indica que a broca deve ter migrado de outras plantas para o cafeeiro – provavelmente, de árvores de sombra. Já existem relatos de plantas hospedeiras, como urucum, graviola, mogno africano, cacau, cupuaçu, araçá, manga, açaí, mandioca, chuchuzeiro e abacateiro. O ataque em cafeeiros Acauã e Arara pode estar acontecendo porque ambas têm em comum algo de origem em robusta, do híbrido de timor e icatu.