Falando a esta coluna, o vice-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e diretor da Federação Nacional das Empresas de Navegação (Fenavega), Meton Soares, avalia que a principal questão dos portos não é a polêmica sobre manter o direito dos atuais concessionários de terminais ou permitir investimentos no setor sem quaisquer restrições e obrigações. Para ele, a questão básica é que o Brasil precisa de mais e melhores portos. Ativista emblemático nas discussões travadas, no início da década de 90, que resultaram na criação da lei dos portos, a 8630/93, Meton afirma que o Brasil está atrasado de 20 a 30 anos no comércio mundial, hoje feito por contêineres. “Há navios que transportam 15 mil contêineres e não podem operar em um País que pretende ser uma das potências do mundo, junto com Rússia, Índia e China. Aqui só entram navios com a metade dessa capacidade, e em poucos portos”, observou.
Segundo Meton, o Brasil tem de, urgentemente, aparelhar os atuais portos e construir novos, para poder se adapatar aos grandes navios internacionais. Como tais embarcações tendem a fazer poucas escalas em cada região, também os portos menores serão importantes, pois atuarão na alimentação do sistema (feeder service). Para ele, outro desafio é o de ter Marinha Mercante própria, porque, hoje, o aluguel diário de um navio, que antes custava US$ 10 mil, está dez vezes mais caro, ou seja, US$ 100 mil por dia.