Redução da oferta do grão entre 2016 e 2017, por causa de seca e baixa produtividade, deverá comprometer estoques para o próximo ano
A três meses do início da colheita de 2017, os exportadores brasileiros de café já emitem um alerta para o próximo ano. Com a redução da oferta do produto em 2016, resultado de uma seca que diminuiu a produção nos cafezais, e a bienalidade negativa esperada para este ano (quando o campo naturalmente colhe menos), o país poderá ter problemas na entressafra de 2018, disse o presidente do Conselho de Exportadores de Café (Cecafé), Nelson Carvalhaes. Ele e outros dirigentes da entidade apresentaram à imprensa, nesta quarta-feira (11/1), o balanço das exportações no ano passado e lançaram as primeiras expectativas para 2017 e 2018. De acordo com Carvalhaes, o primeiro e segundo trimestres do ano que vem serão difíceis, “porque já estamos trabalhando com estoques muito baixos e sem dúvida ficarão muito reduzidos para a entressafra”, disse o executivo.
O Cecafé não faz estimativas para as reservas de café do Brasil, mas acredita que neste ano, com uma produção sazonalmente menor, o país tende a continuar ‘queimando’ parte dos estoques para abastecer o mercado, o que deve manter os preços do grão em alta. Em dezembro de 2015, os estoques públicos de café do Brasil eram 1,6 milhão sacas. O volume caiu 1 milhão de sacas, para 600 mil sacas. Os dados são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Exportações de lado
Em relação às vendas para outros países, os exportadores esperam que a performance brasileira em 2017 seja muito semelhante a do ano passado, quando o país despachou para o mercado internacional 34 milhões de sacas de café, 8% menos que o recorde de 37 milhões de sacas embarcadas em 2015. A queda no volume reflete a baixa disponibilidade do café robusta/conilon, de qualidade superior. A venda desse tipo caiu 86% entre janeiro e dezembro de 2016, de 4,2 milhão de sacas em 2015 para 580 mil sacas. Já as exportações do tipo arábica cresceram 1,2% no mesmo período, saindo de 29,2 milhões de sacas em 2015 para 29,5 milhões de sacas.
A alta no preço do grão, resultado da safra reduzida, amenizou a queda da receita com as exportações, que no ano passadou foi de US$ 5,4 bilhões, ante US$ 6,1 bilhões registrados em 2015. A valorização do grão no mercado brasileiro foi um fator que pesou sobre as vendas externas, disse o presidente do Cecafé. “O preço interno subiu muito e não fomos mais competitivos lá fora”, afirmou Carvalhaes.
As estatísticas levantadas pelos exportadores mostram que, entre os principais clientes brasileiros, somente Rússia, Japão e Canadá aumentaram suas compras no ano passado — 18%, 2,5% e 0,7%, respectivamente. Os Estados Unidos, ainda principal destino do grão, reduziram em 17% as importações de café do Brasil.