Variedade ganhou destaque após crise climática no Vietnã, maior produtor de café robusta
Por Carolinne Souza/ Revista Cafeicultura
Você já deve ter lido por aí que o café canéfora (robusta + conilon) é inferior ao arábica, ou até mesmo que ele é amargo e ruim. Apesar dessa falsa crença, o robusta amazônico tem cada vez mais se destacado pela sua qualidade. Não é à toa que ele tem alcançado preços próximos ao arábica, e sido muito utilizado em blends, caindo no gosto de consumidores exigentes.
Há quem diga que isso se dá apenas ao fato da escassez do Vietnã, maior produtor da variedade, que enfrenta uma crise climática. De fato, com o problema enfrentado pelo país asiático, a cafeicultura da Amazônia ganhou mais espaço no mercado mundial, espaço esse que foi importante para demonstrar que o robusta é resultado de décadas de evolução, baseada em tecnologia e boas práticas.
Os robustas amazônicos são fruto do cruzamento dos cafés Conilon + Robusta, o que permitiu a adaptação no norte do país. A excelência dessa junção rendeu a ele a primeira Indicação Geográfica com Denominação de Origem (DO) para café canéfora sustentável.
Segundo a Embrapa, a Indicação Geográfica serve para designar produtos ou serviços, que têm características positivas, únicas e indissociáveis dos fatores que compõem a sua origem. Uma mistura que leva em consideração clima, solo, genética e aspectos culturais da população envolvida no processo produtivo.
O relatório do Exame de Mérito realizado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) descreveu o perfil sensorial do café como: doce, chocolate, amadeirado, frutado, especiaria, raiz e herbal. “Uma nova ótica sensorial com paleta específica e característica dos cafés canéforas”.
Para a Denominação de Origem Matas de Rondônia, esta delimitação é formada por 15 municípios: Alta Floresta d’Oeste, Cacoal, São Miguel do Guaporé, Nova Brasilândia d’Oeste, Ministro Andreazza, Alto Alegre dos Parecis, Novo Horizonte do Oeste, Seringueiras, Alvorada d’Oeste, Rolim de Moura, Espigão d’Oeste, Santa Luzia d’Oeste, Primavera de Rondônia, São Felipe d’Oeste e Castanheiras.
Em janeiro desse ano, os futuros do café robusta atingiram os preços mais altos em pelo menos 16 anos na ICE.
”O café robusta de março fechou em alta de 18 dólares, ou 0,6%, a 2.950 dólares a tonelada, tendo atingido um pico de 2.995 dólares mais cedo, o preço mais alto desde que a forma atual desses futuros começou a ser negociada em janeiro de 2008.’’, informou a agência Reuters.
Já em maio, segundo a Organização Internacional do Café, o preço do robusta no atacado atingiu o nível mais alto em 45 anos. Os preços subiram 17% em abril, para o nível mais alto desde 1979, conforme relatório da OIC.
Em junho, as cotações do robusta voltaram a subir, com o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6, peneira 13 acima, atingindo R$ 1.247,17/saca de 60 kg na quinta-feira (06/06), novo recorde real da série do Cepea, iniciada em novembro de 2001.
É claro que, como falado anteriormente, a escassez mundial da variedade fez com que o robusta brasileiro ganhasse espaço a fim de suprir as necessidades do mercado. Mas seria insustentável fornecer um café de má qualidade aos compradores mais exigentes.
Isso só deixa claro que os incentivos de pesquisas, concursos de qualidade e até mesmo declarar o café robusta amazônico como patrimônio cultural e imaterial de Rondônia têm ajudado a ampliar a produção no estado.
Na semana passada, amostras de cinco tipos de café da variedade robusta amazônica colhidas em Cacoal na safra 2023-2024 foram apresentadas e experimentadas em Copenhage (Dinamarca) por coffee tasters (provadores) de 15 empresários de cafeterias asiáticas, europeias e norte-americanas.
Quem sabe assim, em alguns anos o Brasil, segundo maior produtor da variedade, não se torne o primeiro.
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