O Brasil não tem potencial para atingir a faixa de 60 milhões de sacas de café nos próximos anos. Quem afirma é o engenheiro agrônomo e um dos principais pesquisadores de café do Brasil, Roberto Santinato, consultor do Procafé do Campo Experimental da Associação dos Cafeicultores de Araguari, no cerrado mineiro.
Segundo Santinato, para se produzir mais 10 milhões de sacas, são necessários 500.000 hectares a mais com café plantado – hoje a área é de 2,0 milhões de hectares. Assim, o potencial produtivo poderia até passar dos 60 milhões de sacas. Entretanto, são necessários R$ 20.000,00 por hectare para plantar café, sendo R$ 30.000,00 para o café irrigado. Ou seja, para 500.000 novos hectares, Santinato diz que seriam necessários R$ 1 bilhão.
“De onde vai vir esse investimento todo? O produtor tem isso? Os bancos emprestam? As licenças ambientais, a preservação do meio ambiente permite isso?”, questiona.
Quanto ao aumento da produção via melhor produtividade, Santinato diz que são vários os entraves. Observa que o clima está mais seco a cada ano; além disso, falta água disponível para a irrigação. O parque cafeeiro do Brasil também é formado por lavouras velhas, sendo 15% a 20% com mais de 20 anos, enquanto a renovação é de apenas 5% do parque a cada ano. As podas, recepas, são caras com o custo de mão-de-obra e isso dificulta a renovação. “Não existem novas fronteiras para o café devido às leis ambientais”, comentou, em entrevista à Agência SAFRAS durante a Fenicafé 2012. (Safras)