BRASÍLIA. A pauta agrícola exportadora brasileira está passando por uma revolução. Historicamente dominada por produtos básicos (matérias-primas), as vendas externas de produtos com maior valor agregado cresceram o triplo do agronegócio no ano passado. Segundo levantamento do Ministério da Agricultura, enquanto o agronegócio cresceu 11,8% em 2005, os produtos processados deram um salto de 34%.
O principal destaque, segundo a pesquisa do Ministério da Agricultura, são as vendas de carne de peru industrializada, cujas receitas saíram de US$ 4,14 milhões, em 2004, para US$ 88,5 milhões no ano passado. Em seguida, aparecem as exportações de cerveja de malte, com crescimento de 125,1%; queijos, com alta de 98,5%; e manteiga e gorduras lácteas, que aumentaram 92,2%. No caso da cerveja, as exportações foram impulsionadas pela Ambev, que passou a vender Brahma em maio para 20 países, e à ampliação dos negócios da Kaiser com o Canadá para a venda da Bavária Exportação.
País vendeu 1.062 novos produtos de valor agregado O Brasil já vende até mesmo produtos requintados e prontos para o consumo, como carpaccio, para o Norte da Europa e uma carne chamada Bresaula, curada, muito consumida na Itália, contou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Marcus Vinicius Pratini de Moraes. Só no ano passado, foram oferecidos 1.062 novos produtos brasileiros de valor agregado no mercado internacional, segundo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
Na comparação com 2003, o Brasil vendeu, no ano passado, mais açúcar refinado do que cristal. As vendas do refinado atingiram US$ 1,53 bilhão, com alta de 94,6%, contra 76% no produto bruto. Se, por um lado, as exportações de frango inteiro subiram 76,1% em 2005, os embarques da carne em pedaços cresceram 104,7%, para US$ 2,23 bilhões, e do frango em conserva (pré-cozido e temperada) em 106,7%, para US$ 184,8 milhões.
O volume de vendas do café em grão continuou subindo, mas houve um aumento de 68,5% nos embarques de café solúvel no ano passado, na comparação com 2003, e de 30,4%, no café torrado e moído. Enquanto os embarques de cacau em pó e cacau em amêndoa (matéria-prima para o chocolate) caíram 23% em 2003, as vendas de chocolate, manteiga e pasta de cacau subiram 30,2%, para US$ 340,8 milhões.
— Os números confirmam que a pauta está mudando — disse o chefe do Departamento de Comércio Exterior da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Donizete Beraldo.