Brasil e Colômbia alertam sobre cenário predador no mercado mundial de café

Principais países produtores de arábica do mundo estreitam laços contra a crise de preços

Os representantes da produção cafeeira de Brasil e Colômbia se reuniram, hoje, 27 de agosto, no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília, para debater a crise de preços mundiais do café e o desequilíbrio econômico dentro da cadeia produtiva, que arruína os produtores, bem como as ações a serem adotadas para enfrentar esse cenário.
 
Na atualidade, os preços internacionais do café estão abaixo dos custos de produção, comprometendo a sustentabilidade econômica e a sobrevivência de 25 milhões de famílias cafeeiras no mundo.
 
Uma grande preocupação são os fatores externos que afetam negativamente o preço internacional e os produtores, como a especulação financeira de atores alheios à cadeia, que, de forma inconsequente e perversa, pressionam negativamente as cotações do café, forçando movimentos migratórios, motivados pela pobreza, e o nascimento de cultivos ilícitos em alguns países.
 
Os detentores dos estoques de café possuem maior influência na formação dos preços internacionais. Por isso, é fundamental reequilibrar a balança atual, deslocando os estoques de países consumidores aos países produtores. É necessário o desenvolvimento de políticas internas nos produtores para apoiar o ordenamento da oferta, como o caso do Funcafé no Brasil, que financia o carregamento do estoque para evitar a venda em momentos de preços aviltados.
 
Também é importante que a formação de estoques nos países produtores seja administrada pelo setor privado em coerência com ferramentas de gestão de risco de mercado.
 
Outro ponto considerável é a importância de aumentar o consumo nos mercados emergentes e nos países produtores, para o qual se espera contar com o apoio da Organização Internacional do Café (OIC).
 
A grande preocupação de todos os países produtores é a concentração da indústria e do setor de distribuição, que impõem aos produtores, por exemplo, condições de pagamento abusivas de mais de 200 dias, que massacram qualquer possibilidade de haver sustentabilidade econômica dos produtores. Os programas que algumas empresas multinacionais fazem para promover a sustentabilidade são anulados por suas próprias práticas comerciais. Igualmente as organizações internacionais sem fins lucrativos, que promovem o cultivo de café, têm que assumir a responsabilidade pela absorção dos excedentes que tendem a ser produzidos.
 
Brasil, Colômbia e os demais países produtores, tal como expressaram no Primeiro Fórum Mundial de Produtores de Café, em Medellín, na Colômbia, em julho de 2017, considerarão todas as ações necessárias para solucionar a crise que compromete a oferta futura de café e esperam que todos os elos da cadeia produtiva atuem em forma conjunta e corresponsável devido à grave situação. As nações cafeeiras voltarão a se reunir em setembro, durante a semana de reuniões da OIC, em Londres, para aprofundar essa discussão.
 
É prioridade dos produtores comunicar aos consumidores, em nível mundial, a situação atual e a forma como esse cenário do mercado gera um espiral de pobreza nos países cafeeiros.
 
Abaixo, representantes de entidades que assinam o comunicado.
 
– Silas Brasileiro, Conselho Nacional do Café (CNC) – Brasil
– Silvio Farnese, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) – Brasil
– Roberto Velez, Federación Nacional de Cafeteros (FNC) – Colômbia
– Juan Esteban Orduz, Federación Nacional de Cafeteros (FNC) – Colômbia
– Aguinaldo José Lima, Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) – Brasil
– Vanusia Nogueira, Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) – Brasil
– Arnaldo Botrel Reis, Associação dos Sindicatos Rurais do Sul de Minas (Assul) – Brasil
– Carlos Paulino, Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) – Brasil
– Lúcio Dias, Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) – Brasil
– José Marcos Magalhães, Cooperativa dos Cafeicultores do Sul de Minas (Minasul) – Brasil
– Breno Mesquita, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) – Brasil

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