Para diretor da Fazenda Bela Vista, medida atrairia investimentos em industrialização
“O café tem que reduzir a mão de obra, tem que gerar mais tecnologia”, diz Hopp(Foto: Roberto Seba/Ed. Globo)Apesar da sua liderança global na produção, o Brasil deve aceitar a importação de café de outros países. Para o diretor comercial da Fazenda Bela Vista, João Carlos Hopp, a medida seria importante para que a industrialização do produto seja ampliada e a competitividade da cadeia produtiva aumente no país.
“O investimento em uma estrutura é alto. Ninguém vai colocar dinheiro em um lugar que não permita arbitrar cafés de várias partes do mundo. É importante que o Brasil permita entrada e saída de café”, disse Hopp durante seminário promovido pela Câmara Americana de Comércio, em São Paulo.
Hopp defendeu também o que chamou de “democratização de instrumentos comerciais” para que produtores de café possam ter mais acesso, por exemplo, a ferramentas de proteção contra riscos. Para o diretor comercial da Fazenda Bela Vista, o mercado financeiro poderia ampliar seus serviços para o agronegócio. “Precisamos gerar dentro do mercado financeiro serviços financeiros para o agronegócio. O mercado financeiro está perdendo uma oportunidade”, avaliou o executivo.
Para o executivo, uma das principais dificuldades enfrentadas pela cadeia produtiva do café atualmente é o custo de mão de obra que, na cultura, é bastante intensiva. Na avaliação dele, o alto custo com o trabalhar está causando uma mudança no modo de produção.
“O café tem que reduzir a mão de obra, tem que gerar mais tecnologia”, disse, destacando que a facilidade maior está na cafeicultura do Cerrado, onde as áreas são mais planas, facilitando a mecanização da colheita. “Mas mais de 70% da produção do país é de montanha e não podemos perder esse mercado. Tem que mudar a tecnologia de montanha. O desafio é gerar tecnologia e transferir para o produtor. A pesquisa é bem feita, mas a democratização é mais difícil.”
João Carlos Hopp ressaltou também a necessidade de melhorar a promoção do café no Brasil no mercado. Ele usou como referência a Colômbia, para ele, mais eficiente na promoção do seu produto.
“É impressionante o Brasil ser o maior produtor de café e quando se vai para o exterior as pessoas falam que café bom é o colombiano. A Colômbia fez um trabalho importante. Estamos perdendo uma gigantesca oportunidade”, disse o diretor comercial da Fazenda Bela Vista.