14-05-2015
O escritório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no Brasil estima que o país colherá 52,4 milhões de sacas (de 60 quilos) de café na safra 2015/16, que vai de julho a junho do próximo ano. O volume previsto, divulgado ontem, está muito distante das estimativas da fundação Procafé e das feitas pelas principais consultorias mundiais. Se confirmado, o número do USDA representará um avanço de 2% na comparação com o previsto pelo órgão para a safra 2014/15.
Os números do USDA influenciaram ontem, ainda que ligeiramente, o mercado futuro de café na bolsa de Nova York.
Os contratos chegaram a registrar alta no começo do pregão, mas após a divulgação, os papéis para julho perderam força e caíram 10 pontos, a US$ 1,354 por libra-peso.
As projeções do escritório do USDA são bastante otimistas comparadas às da fundação Procafé, que estima uma produção entre 40,3 milhões e 43,25 milhões de sacas na temporada. Isso significaria um recuo entre 4,61% e 11,12% em relação às 45,342 milhões de sacas colhidas em 2014, de acordo com a Conab.
Para a safra 2015/16, a Conab estimou, em janeiro deste ano, uma colheita entre 44,11 milhões e 46,61 milhões de sacas. O USDA é até mesmo mais otimista que as tradings Volcafé, que projetou produção de 51,9 milhões de sacas, e ED&F Man, que prevê colheita de 49,2 milhões de sacas no Brasil nesta safra.
Na avaliação do USDA, a produção da variedade conilon (robusta) apresentará um recuo em 2015/16, que será compensado pelo crescimento da variedade arábica. Segundo o USDA, suas estimativas foram baseadas em viagens a campo para regiões de produção de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo e levaram em conta o desenvolvimento vegetativo e a formação dos frutos.
Para a variedade arábica, da qual o Brasil é o maior produtor e exportador mundial, a estimativa de colheita é de 38 milhões de sacas, 3,8 milhões mais que na temporada 2014/15. “No geral, foi notado bom florescimento em setembro e outubro de 2014 em importantes regiões produtoras e boas condições climáticas de outubro a março, com exceção de um período de seca em janeiro de 2015, o que contribuiu para o desenvolvimento fisiológico das árvores de café, resultando em rendimentos melhores que os de 2014”, disse o USDA em relatório.
Para a variedade robusta, o USDA prevê queda de 2,6 milhões de sacas, para 14,4 milhões de sacas em 2015/16. Rendimentos menores que o previsto foram notados no Espírito Santo, reflexo de um período de seca prolongada e temperaturas acima da média durante os meses de verão.
Para Thiago Cazarini, da Cazarini Trading Company, de Varginha, no sul de Minas, o número previsto pelo USDA surpreendeu por superar até mesmo o da Volcafé. Segundo ele, a avaliação no mercado é que “entre 47 milhões e 48 milhões de sacas faria mais sentido”.
Embora tenha havido recuperação de cafezais após período de seca, ele considera que o USDA está sendo “otimista demais”.
Ainda conforme a estimativa divulgada pelo USDA, as exportações de café pelo Brasil no próximo ciclo devem somar 33,3 milhões de sacas, queda de 7% em comparação com a temporada 2014/15. Do total, 3,3 milhões de sacas serão de café solúvel, e o restante, de café em grão verde.
O USDA estimou ainda que estoques de passagem devem somar 4,29 milhões de sacas no fim de 2015/16, 1,47 milhão de sacas menos que no ciclo anterior
Fonte: Valor Econômico