Brasil derruba preços internacionais do café

DCI
Data Publicação: 11/08/15


Relatório da OIC aponta que, em julho, o grão atingiu o menor valor dos últimos 18 meses por conta da forte desvalorização cambial no maior país produtor da cultura, queda mensal de 4,2%


São Paulo – O enfraquecimento da moeda brasileira faz com que seja necessária uma quantidade menor de dólares para adquirir café do País. Essa foi a explicação dada pela Organização Internacional do Café (OIC) para a forte queda no preço internacional da commodity. No entanto, analistas apostam que não há espaço para patamares menores.


Dados do último levantamento da OIC, divulgado ontem (10), mostra uma baixa de 4,2% contra o mês anterior, para a média de 119,77 centavos de dólar por libra-peso. É o menor nível desde janeiro de 2014.


“O mercado do café registrou recuo adicional em julho com os preços reagindo à desvalorização da taxa de câmbio do Brasil, que atingiu o menor valor em 12 anos na comparação com o dólar”, diz o documento.


A OIC também destaca que a diminuição mais expressiva foi verificada nos grãos naturais brasileiros, os brazilian naturals, que passaram a valer 123,64 centavos de dólar por libra-peso após a queda mensal de 5,3%. Outros tipos da commodity recuaram apenas 3,3%.


O analista do departamento de Pesquisa e Análise Setorial do Rabobank Brasil, Jefferson Carvalho, lembra que a desvalorização do real favorece a receita dos exportadores brasileiros. Isso justifica o salto para 36,4 milhões de sacas embarcadas em 2014, ante as 31,6 milhões de 2013, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé). Porém, “esse café agora está nas mãos dos compradores, que formaram estoques enquanto os nossos ficaram baixos”, avalia.


Momentaneamente, é possível identificar uma pressão nos valores internacionais por conta de um volume maior nos importadores. À medida que este estoque for sendo consumido, surge uma tendência de estabilidade para os preços.


Projeções


Para o especialista, o movimento de preço em queda não tem espaço para patamares menores. O tamanho da safra brasileira que está sendo colhida deve afetar os indicadores.


“A estimativa mínima para a safra é do Procafé, com 40,3 milhões de sacas, e a máxima é do USDA [Departamento de Agricultura dos Estados Unidos], com 52,4 milhões de sacas. Considerando que no ano passado a demanda para o Brasil foi de quase 57 milhões de sacas, entre mercado interno e externo, projetamos estabilidade para os preços”, explica Carvalho.


O USDA considera quedas tanto para os estoques brasileiros quanto globais, para 4,3 milhões de sacas e 31,5 milhões, respectivamente. Um cenário de poucas reservas e diminuição na oferta do principal país produtor dá margem para fortalecimento do preço.


A colheita de 2016 já entrou no radar dos especuladores, que projetam uma safra “muito maior” que esta. Entretanto, o especialista do Rabobank diz que é difícil saber se isto realmente vai se consolidar pois as lavouras ainda estão suscetíveis a intempéries climáticas, além do aumento considerável nos custos de produção, com insumos e energia elétrica, por exemplo, mais caros.


Riscos


A Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA/Apta), fez um levantamento apontando que, historicamente, há um risco considerável no cultivo de café no estado.


Por isso, os pesquisadores do IEA indicam o uso do Projeto Financiamento do Custeio Agropecuário Atrelado a Contrato de Opção, oferecido pelo governo estadual, quando os produtores optarem pelo travamento de preços por meio de hedge, na Bolsa de Valores.


A subvenção oferecida pelo projeto é de 50% do valor do prêmio do contrato de opções, com recursos do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap/Banagro).


Nayara Figueiredo

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