Vilma Gasques / Agência Anhangüera
Não é a toa que o Brasil comemora um dia especial somente para ele: o café. Sentir o aroma que exala da bebida quando se está segurando uma xícara é algo que está cada vez mais sendo apreciado pelos brasileiros. Principalmente quando se trata de um bom café, os chamados especiais, que ganharam status, conquistado graças aos grãos nobres.
O Brasil é o maior produtor de café do mundo, responsável por cerca de 30% do mercado internacional, e o segundo maior consumidor da bebida, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). E ficou para trás a idéia de que no Brasil, onde se produz o melhor café do mundo, se toma o pior de todos. Os cafés especiais ganham mais espaço e o consumo cresce numa velocidade maior do que o registrado para o café tradicional, o chamado café comoditie.
A aposta nos cafés gourmets também fez com que ao ato de tomar a bebida ficasse mais requintado, cercado de glamour. E toda a importância dada aos grãos teve como resultado uma data especial, o Dia Nacional do Café, comemorado nesta quarta-feira.
Mas tomar um café especial significa também freqüentar uma cafeteria, já que poucas redes de supermercados e empórios disponibilizam o produto para venda direta ao consumidor. Por este motivo, o consumo de café fora do lar tem crescido expressivamente no País nos últimos anos, o que tem chamado a atenção das torrefadoras para o segmento.
Dados da Abic mostram que em 2004, o consumo do café fora de casa representou 4,47 milhões de sacas de 60 quilos. No ano passado, o volume saltou para algo em torno de 5,5 milhões de sacas, de um total de 15,8 milhões de sacas consumidas no mercado interno.
A pesquisa encomendada pela entidade apontou que 29% das pessoas consumiram café fora de casa em 2005. No ano anterior foram 17%. E a expectativa é de que o consumo de café em cafeterias aumente acompanhando as vendas totais do mercado interno. A meta da Abic é que o consumo neste ano chegue a 16,5 milhões de sacas, uma lata de 6% em relação a 2005. Deste total, 5,8 milhões de sacas deverão ser consumidas fora do lar.
E para 2010, a projeção é de um consumo de 21 milhões de sacas no Brasil, ultrapassando os norte-americanos, que consomem em torno de 20 milhões de sacas anuais.
De olho neste mercado, as empresas que cultivam e processam o café, já investem mais nos cafés especiais. O diretor do Café Canecão Natal Martins, também diretor da Abic, diz que nos últimos anos a procura por cafés de maior qualidade vem aumentando e, por conta disso, a indústria do setor tem também mostrado os benefícios dessa bebida para a saúde.
“O café deixou de ser um vilão para a saúde e agora faz parte da lista de alimentos funcionais, que beneficiam o funcionamento do organismo. Além disso, os preços dos cafés tradicionais estão praticamente os mesmos desde 1994, com uma diferença entre 10% e 15% apenas, enquanto a inflação subiu bem mais de 100%. Isso tudo contribui para que a população possa consumir mais café, pois é uma bebida muito barata” , comenta.
Martins diz que enquanto o consumo de cafés tradicionais cresce entre 5% e 6% ao ano, o café especial apresenta crescimento entre 10% e 15%. “Da produção total do Canecão, cerca de 2,5% é café especial. Esperamos chegar a 10%, mas isso é um trabalho de longo prazo porque também significa uma mudança de hábitos para que o consumidor aprecie uma bebida diferenciada.”