Se o ano de 2005 marcou a retomada nos preços do café e o fortalecimento da cultura no Brasil, 2006 promete consolidar ainda mais essa posição. Não obstante, o ano colocou o País definitivamente no mercado de cafés especiais, quando foi realizado o maior contrato de exportação de café industrializado para a França. No mês de abril, o Café do Centro vendeu 50 toneladas de café torrado, moído e embalado para a rede de supermercados do Grupo Casino.
Esse nicho, escolhido como forma de garantir a sustentabilidade do grão e atender uma demanda crescente, se tornou alvo de estímulos de diversas entidades ligadas à cultura, como a recém inaugurada Associação de Cafés Especiais da Alta Mogiana (AMSC, sigla em inglês).
Mais que isso, o Brasil tem ampliado a exportação de café industrializado. Até novembro, as exportações de cafés industrializados (torrado e moído) atingiram US$ 14,3 bilhões, crescimento de 95,45% sobre mesmo período de 2004, segundo dados da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).
Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), Nathan Herszkowicz, esse quadro não significa uma mudança de perfil dos exportadores tradicionais ou dos produtores, que começariam a exportar café torrado e moído ao invés de verde (cru). “A exportação do grão torrado e moído não vai substituir as exportações de café verde”, prevê Herszkowicz. A tendência é confirmada por torrefadores nacionais, que buscam nos cafés de alta qualidade, assegurar e ampliar o espaço no mercado interno e externo.
A própria Café do Centro espera aumentar as suas exportações em até 15% em 2006. “Atualmente nós exportamos para Japão, França, Estados Unidos, Emirados Árabes e Chile, afirma o sócio diretor do Café do Centro , do Grupo Branco Peres, Rafael Branco Peres. E acrescenta: Em 2005, o Café do Centro deve faturar cerca de R$ 17 milhões. “A expectativa é que esse valor chegue a R$ 24 milhões no ano de 2006”, salientou Peres.
Já o café Canecão, que possui sede em Campinas (SP), produz 200 toneladas de café industrializado por mês, e registrou crescimento de 18% em 2005. A empresa exporta café para a Inglaterra, Japão, África e Emirados Árabes. O nosso objetivo é crescer 15% ao ano até 2010 e alcançar uma produção de 500 toneladas por mês. As exportações representariam 20% dessa produção”, informa o Café Canecão.