fonte: Cepea

Branco Peres mira verticalizar negócio com cana

2 de janeiro de 2008 | Sem comentários Comércio Empresas
Por: DCI

Luciana Villar



 
O Grupo Branco Peres, que possui investimentos nas áreas de café, laranja, pecuária e saneamento, pretende investir R$ 80 milhões nos próximos três anos para consolidar as usinas de cana-de-açúcar e, futuramente, verticalizar o negócio por meio da criação de uma distribuidora de combustíveis e de uma rede de postos de abastecimento. O faturamento do grupo, de cerca de US$ 200 milhões por ano, é impulsionado pelos investimentos nas áreas de cana e laranja, que respondem por 60% da receita.


Atualmente, a Branco Peres Álcool – divisão do grupo que mantém duas usinas produtoras de açúcar e álcool – processa 2,2 milhões de toneladas de cana por ano nas unidades instaladas nos municípios paulistas de Adamantina e Junqueirópolis, segundo Mario Branco Peres, sócio e um dos filhos do fundador do grupo. “Com o investimento, pretendemos elevar a capacidade de processamento das duas usinas, chegando a 3 milhões de toneladas por ano cada”, afirma Peres.


Hoje, a planta de Adamantina processa cerca de 1,5 milhão de toneladas de cana e a de Junqueirópolis, 700 mil toneladas de cana. O grupo começou a investir no setor sucroalcooleiro na década de 90, época em que o setor deixou de ser controlado pelo governo federal e teve grande expansão.


Agora, a meta do grupo, que produz em terras próprias cerca de 90% da cana processada, é ter uma rede complexa de distribuição do álcool produzido pelas suas usinas, atuando na produção, distribuição e comercialização do combustível. “Com a verticalização da produção, não precisamos depender das distribuidoras para chegar ao consumidor final”, diz o executivo.


Depois da cana-de-açúcar, o principal negócio da Branco Peres é a citricultura. Os mais de 30 pomares próprios espalhados pelo interior de São Paulo garantem uma produção anual de 10 milhões de caixas de laranja. As frutas são vendidas à Cutrale, uma das maiores processadoras e exportadoras de suco de laranja do País e que já foi sócia da Branco Peres. O grupo também possui uma indústria de suco de laranja que está parada, a Branco Peres Cítrus, em Itápolis. “A fábrica é um investimento estratégico: a qualquer mudança no cenário citricultor podemos voltar a processar laranja”, afirma. A pecuária também faz parte dos investimentos do grupo, mas não é considerada remuneradora pela direção da Branco Peres. “Mantemos a fazenda por termos a pecuária no sangue, mas as margens são muito apertadas.” A fazenda, instalada no Mato Grosso do Sul, cria, recria e engorda, contando com um plantel de 20 mil cabeças de gado, o que garante o abate de 8 mil animais ao ano.


O mais recente negócio da Branco Peres e que deve ser ampliado no próximo ano, é o saneamento básico. Com um investimento de R$ 30 milhões, o grupo firmou uma concessão de 30 anos com a Prefeitura de Matão, no interior de São Paulo. De acordo com o empresário, o grupo pretende construir uma segunda unidade de tratamento de esgoto também no Estado de São Paulo.


O Grupo Branco Peres é detentor da marca Café do Centro, que fornece cafés especiais a restaurantes, cafeterias e bares. No varejo, é encontrado em lojas especializadas, como a Casa Santa Luzia, em São Paulo. Também possui a versão sachê, voltada diretamente para bistrôs, escritórios e pequenos comércios. Ainda sem cafeterias próprias no Brasil, em 2006 a empresa entrou em uma nova fase de expansão, com a inauguração de uma loja própria no centro de Tóquio, no Japão. O projeto Café do Centro Japan é uma parceria da empresa com executivos japoneses e prevê a expansão da rede por todo o continente asiático, incluindo a China. A segunda unidade japonesa foi inaugurada em agosto de 2007, e a expectativa é chegar a 100 unidades na Ásia em 10 anos.


História


A Branco Peres, que completou este ano 50 anos, foi criada pelo ex-funcionário da rede Pernambucanas Deolindo Branco Peres. O empresário, já falecido, começou com um pequeno armazém, foi atacadista de arroz e logo depois entrou para o setor cafeeiro, em que comprava, beneficiava e fornecia o grão a tradings.


O negócio, que acabou sendo tocado pelos filhos Mario e Willian, que no final da década de 60 tinham entre 18 e 20 anos, se firmou no setor quando houve a chamada ‘geada negra’, ocorrida em 1970 no Paraná, onde boa parte dos cafezais foi destruída.


Na ocasião, os herdeiros de Branco Peres, que eram sócios de um amigo do pai, tinham grandes estoques de café e conseguiram se remunerar em razão da alta dos preços do grão que estava em uma fase de pouquíssima oferta.


Com os lucros, os irmãos compraram uma beneficiadora de café na Alta Paulista e, partir de 1979, começaram a diversificar os negócios. O primeiro investimento foi a fábrica de suco de laranja em sociedade com o fundador da Cutrale, João Cutrale. Hoje, o grupo é gerido pelos três filhos de Deolindo Branco Peres e por Eduardo Garieri. As cafeterias estão a cargo dos netos do fundador.

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