Borra de café é alternativa no combate a Dengue

Borra de café é alternativa no combate a Dengue
Borra de café (o pó de café usado) pode aniquilar o mosquito da Dengue. A informação pode parecer estranha, mas pode ajudar o Paraná a combater o possível surto da doença, que já matou seis pessoas e, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), do início do ano até o dia 4 deste mês já registrou 31.553 casos suspeitos da doença – destes em 10.017 foram confirmados.
A pesquisa foi comprovada em 2001 pela Universidade Estadual de Paulo (Unesp). Foi a tese de doutorado de Alessandra Theodoro Laranja, com coordenação da Dra Hermione Bicudo, pesquisadora da Unesp. O método, pouco difundido, pelo menos nesta do Paraná, já virou corrente de e-mail e circula pela Internet. Esta semana chegou à redação do Jornal Correio, que foi apurar o fato.
Conforme Dra Hermione, na época a pesquisa foi muito divulgada, de Norte a Sul do Brasil, contudo, de maneira errada em muitos casos. “A falha ocorreu em um aspecto fundamental, que é explicar adequadamente, à população, a forma de uso da borra para esse fim”, descreveu no artigo que assinou junto a Dra Alessandra.
Como usar
A borra do café pode ser usada em todos os locais que facilitam a proliferação do Aedes Aegyipti, como os vasos de plantas. E, conforme as pesquisadoras, tem a vantagem de não matar as plantas, pelo contrário. “A borra pode ser espalhada sobre a terra do vaso, porque, mesmo uma fina película de água que se forme sobre essa terra serve de criadouro para o mosquito”, ensinam. “A borra pode, ainda, ser colocada dentro do “copo” que se forma no interior das bromélias, onde se acumula a água. E também pode ser colocada nos pratos dos vasos”, completam.
Quantidade
A quantidade de borra a ser usada depende da quantidade de água que se acumula nesses locais. Por exemplo, se o prato do vaso ou a bromélia acumula mais ou menos um copo de água da rega ou da chuva, quatro colheres de sopa da borra são suficientes. “Espalhe a borra no prato ou coloque no interior da bromélia com a colher; quando a água escorrer, vai diluir a borra. Aumente ou diminua a quantidade em função da variação da água acumulada”, orientam.
Conforme Hermione e Alessandra, os pratos devem ser eliminados sempre que possível.
Como funciona
A borra do café impede que o Aedes atinja a fase adulta. O mosquito, no seu desenvolvimento, passa pelas fases de ovo, larva, pupa e adulto. “A borra é ingerida pela larva que se a intoxica, morrendo nessa fase. Se o mosquito não atingir a fase adulta, que é a fase em que ele pica as pessoas transmitindo os vírus, não haverá doenças”, explicam.
Nesse caso, a borra do café funciona como uma forma alternativa para o inseticida abate, granulado organofosforado, usado no controle das larvas, que é tóxico para o homem, os animais domésticos e o ambiente. “Na hora de usar o usar o inseticida, tomamos muito cuidado. A ação tem que ser planejada, conhecemos os riscos e danos que podem causar”, explicou a chefe da vigilância sanitária de Laranjeiras do Sul, Izabele Dangui Ferro, médica veterinária. “Tudo que for para ajudar é válido, ainda mais uma coisa natural que não degrada o meio ambiente”, comentou sobre o método com a borra de café.
Para as pesquisadoras, outro fator relevante é o fato da técnica ser o aproveitamento de um material que iria para o lixo, disponível na maioria dos lares brasileiros e não tem contra-indicações de uso, pois seu extrato é ingerido pelo homem. “Para o Aedes tem havido indicação de outros produtos, como o sal de cozinha e a água sanitária, mas estes produtos não podem ser usados nas plantas e sim em outros criadouros”, ressaltam.