Uma alta nas exportações e queda nas importações criou um problema inesperado para muitas empresas nos Estados Unidos: escassez de contêineres.
As exortações têm sido um dos poucos pontos positivos da economia americana ultimamente. Mas a falta de contêineres pode limitar os benefícios que as empresas do país podem obter. As vendas para o exterior têm compensado para muitas indústrias a queda do consumo interno. Dados da balança comercial a serem divulgados hoje devem trazer mais crescimento das exportações, o que significa mais apetite por contêineres.
Só que fabricar mais deles não é necessariamente o remédio. O problema é que eles estão no lugar errado e nem sempre é economicamente viável transportá-los.
Enquanto os EUA estavam num frenesi de importações que durou vários anos, não era difícil achar contêineres. Eles chegavam sempre e eram empilhados nas redondezas dos portos. Agora, a queda do dólar tornou os produtos americanos mais atraentes para compradores estrangeiros, e como muitos países continuam a crescer, a maré se inverteu de uns meses para cá.
“Há alguns lugares, especialmente no Meio-Oeste, onde há uma completa falta de contêineres”, diz Philip Damas, responsável pela pesquisa de contêineres da consultoria Drewry Shipping Consultants de Londres.
Não são só essas caixas gigantes que estão em falta. A Maersk Inc., subsidiária americana da companhia dinamarquesa de contêineres A.P. Møller-Maersk Group, observou uma escassez de chassis, que são os conjuntos de rodas e armações de um caminhão de carregar contêineres. Sem chassis, não adianta nada haver contêineres empilhados no porto, disse uma porta-voz da companhia. Outro problema: muitas transportadoras, inclusive a Maersk, transferiram capacidade de contêineres para fora dos EUA, e agora os produtores americanos são os que mais precisam deles.
Isso já causou perda de pedidos, atrasos e uma busca frenética por alternativas, como o caro transporte aéreo. Uma empresa de cortadores de grama do Estado de Wisconsin prevê menos “vendas oportunistas” para clientes europeus nos próximos meses, porque não consegue reservar contêineres com poucos dias de antecedência – são precisos pelo menos três semanas -, enquanto um fábrica de máquinas para construção da Carolina do Sul afirma que a escassez atrasou remessas para a Austrália e a Europa. Entre as empresas mais atingidas estão as de ferro-velho e papel, de que as transportadoras dependiam para preencher contêineres vazios.
“Esse é um enorme problema para nós e está cada vez pior”, afirma Shailesh Vyas, presidente da Bay Bridge Enterprises LLC, empresa de ferro-velho do Estado da Virgínia. Vyas diz que as transportadores costumavam implorar para ele encher com ferro-velho contêineres de 40 pés (pouco mais de 12 metros) com destino fora dos EUA. Agora as empresas de transporte marítimo não querem mais mercadoria de baixo valor quando podem encher navios com grãos, químicos e máquinas.
Até agosto, Vyas mandava até 1.000 contêineres por mês para clientes na Índia, Bangladesh e Paquistão, que derretiam o metal para fazer novos produtos de aço, como barras para concreto armado. Agora ele consegue 300 ou 400, se tiver sorte, diz. “O frustrante é que, hoje, eu podia estar movimentando 2.000 sem nenhum problema, mas não consigo os contêineres.”
Analistas dizem que os custos de transporte também estão subindo. Damas, o consultor de Londres, afirma que mandar um contêiner de 40 pés da Costa Oeste dos EUA para a China custa US$ 1.500, 20% mais do que no ano passado.
Editoria: THE WALL STREET JOURNAL AMERICAS