Bolsa Família não é desestímulo ao emprego, diz governo

Por: Folha de São Paulo

DINHEIRO
16/05/2010 
 

Ministério do Desenvolvimento não se posiciona sobre dificuldade na contratação de mão de obra no sul da Bahia
 
Dados da pasta apontam que Estado é a região em que mais empregos formais foram criados entre 2008 e 2009 a partir de fiscalizações


FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A BREJÕES (BA)


O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) cita estudo de órgão do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) para afirmar que o Bolsa Família tem \”efeito insignificante\” na procura por empregos no Brasil.


A pesquisa mostrou que, em alguns casos, o impacto do programa (que atenderá 12,5 milhões de famílias neste ano) é \”estatisticamente relevante\”. Mas não a ponto de dizer que ele causa \”dependência\”.


O estudo derrubaria a tese de que \”o Bolsa Família estimula as pessoas a parar de trabalhar\”. \”Não se pode dizer que o programa gere dependência em virtude da transferência de renda\”, diz o trabalho.


No caso específico do sul da Bahia, objeto de reportagens da Folha em 2007 e agora, o MDS disse que precisava analisar dados mais específicos da região antes de se posicionar.


Já em relação aos que não querem o registro em carteira para não perder a aposentadoria especial, havia um projeto de lei no Congresso que criava a figura do \”safrista\”.


Com isso, o trabalhador rural poderia trabalhar até 120 dias por ano com registro e, ainda assim, aposentar-se aos 60 (homens) e 55 (mulheres).


O projeto ficou parado anos no Congresso e acabou sendo incorporado a outra lei. Mas isso ainda não afastou o temor dos trabalhadores em terem a carteira assinada.


A Bahia é uma das regiões mais fiscalizadas pelo Ministério do Trabalho no que se refere ao emprego informal.


Segundo dados da pasta, o Estado teve o maior número (em termos absolutos) de novos registros de empregos formais a partir de fiscalizações. Foram 29.565 contratações formais nos anos de 2008 e 2009, para um total de 210.967 em todo o país.


Embora seja crônica e registrada há mais de três anos, a dificuldade na contratação de mão de obra em Brejões não é o único motivo para o abandono na produção de café.


Além da mão de obra, André Araújo, da fazenda Campo Grande, afirma que, na comparação com outros produtos, o café vem tendo valorização baixa nos últimos anos.


Seu preço aumentou 2,2% em termos nominais de 2004 a 2010. Mas o valor da arroba do boi também ficou praticamente estável no período.


\”Com mais o problema da mão de obra, nosso destino pode estar na pecuária ou no eucalipto, atividades pouco intensivas em pessoal\”, diz.

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