BOLSA DE MERCADORIAS 1 – Pequenas bolsas de mercadoria sobrevivem pelo país

Por: Brasil Econômico

DESTAQUE
05/04/2010
 
Pequenas bolsas sobrevivempelo país

Em meio à consolidação global do setor financeiro, 15 casas de negociação física de mercadorias continuam operando em todo o Brasil, vendendo de café a cesta básica
 
Mariana Segala e Luiz Silveira
redacao@brasileconomico.com.br

Os corretores da Bolsa de Londrina (PR) não usamterno nem gravata. Andam, isso sim, de calça jeans e botina. O contato com os clientes muitas vezes não se dá nos escritórios, mas nos arredores deuma lavoura. “Araiz da atividade é a mesma dos corretores da BM&FBovespa, mas são dois mundos diferentes”, diz Luiz Roberto Ferrari, corretor e presidente da Bolsa de Cereais e Mercadorias de Londrina (BCML).


Como a BCML, há outras 14 bolsas de mercadorias pelo país, constituídas como sociedades sem fins lucrativos integradas pelas corretoras. Desconhecidas do grande público, acostumado só com a BM&FBovespa, nelas se negocia mundo real, físico, e não financeiro.


Em escala muito menor, o cotidiano destas bolsas lembra como já foi, há algum tempo, o pregão da bolsa paulista. Em dia de leilão, os corretores se reúnem presencialmente para repassar as ordens de compra e venda dadas por seus clientes — produtores rurais, fábricas de insumos, exportadores. As bolsas vivem,basicamente,das receitas obtidas pelos negócios feitos nos leilões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por meio do Sistema Eletrônico de Comercialização, criado em 1991. “Somos prestadores de serviço da Conab”, ressalta Ferrari, que tambémpreside a Associação Nacional das Bolsas de Mercadorias(ANBM).


Antes do modelo eletrônico, cada bolsa recebia uma cota de participação nos leilões, realizados com as corretoras conectadas por telefone, o que provocava atritos em função da chance de condições desiguais serem aplicadas para os corretores de cada canto do país. “Foiumgrande esforço criar um modelo melhor”, diz o diretor de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura, José Maria dos Anjos.


Para as corretoras, integrar uma bolsa é sinônimo de ter acesso ao mercado cativo de leilões da Conab — o que não é de graça. Um título patrimonial de uma bolsa regional custa deR$50 milaR$60mil. Na Bolsa Brasileira de Mercadorias, controlada pela BM&F Bovespa, não sai por menos de R$250 mil.


Especialização
A expertise das corretoras leva para as bolsas também um quê de especialização. Nas do Nordeste, o produto mais negociado é o milho. Nas de estados como Rio Grande do Sul estão concentradas as operações de trigo. Já as bolsas de Minas Gerais, São Paulo e Paraná se destacam pelas negociações com café. Apenas no Norte não há bolsas de mercadorias. “Pelo tamanho do Brasil, é um mercado também regionalizado”, lembra Ferrari.


Negociações privadas de produtos agrícolas também fazem parte das atividades das bolsas, embora em proporção menor. “Tentamos fazermais e o governo estimula que façamos, mas não há muito uma cultura de vender a produção agrícola na bolsa”, afirma o presidente da Bolsa de Hortifrutigranjeiros, Cereais e Produtos Agropecuários de Pernambuco, Roberto Monteiro.Mais comumé o acerto privado. Outra fonte de receita vem de pregões realizados para terceiros. “Fazemos compras para prefeituras, entidades e empresas, de qualquer tipo de produtos”, ressalta o presidente da Bolsa de Mercadorias de Brasília, Leopoldo Violatti.

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