Boletim semanal – ano 76 – n° 46
Santos, quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Apesar das fortes oscilações nas bolsas de futuro, subindo ou caindo, conforme as notícias do dia e os interesses de curto prazo de fundos de investimentos e especuladores, o mercado físico brasileiro continuou apresentando-se sólido, porém pouco ativo, devido à resistência dos vendedores em aceitarem as ofertas dos compradores, considerando que estas ofertas não representam o justo valor do café neste momento. A escassez de café arábica de boa qualidade, em pleno mês de novembro, época do ano-safra brasileiro em que costuma ser forte a oferta pelos produtores, preocupa os operadores e dá solidez ao físico aqui no Brasil.
O que impressiona é que a formação do preço do café brasileiro, responsável por aproximadamente 38% do consumo mundial (no último mês embarcamos mais de 50% do café arábica comercializado no mundo), é feita a partir de uma bolsa, que cota arábicas lavados, não comercializa nosso café, mas funciona como norte para o mercado internacional. Como uma bolsa que tem como lastro um produto responsável por menos de 50% do consumo de arábica no mundo, pode servir de base para a formação de preço de nosso café arábica? O próprio café arábica lavado cotado nesta bolsa é negociado com ágil no mercado físico mundial!
Os enormes deságios aplicados sobre as cotações da ICE Futures US na formação do preço de venda do café brasileiro não condizem com o grande avanço em sua qualidade nos últimos anos, que o levaram a deslocar concorrentes em amplas áreas do mercado internacional. O Brasil precisa usar sua folgada liderança no fornecimento de café em todo mundo para impor uma política de preços que dê condições de remunerar melhor nosso produtor, além de abrir caminho para exportações com maior valor agregado. As enormes mudanças que aconteceram no mundo nestes últimos anos e o novo status político e econômico do Brasil criam condições para que formulemos novas políticas para o café brasileiro, feitas de dentro para fora e não impostas de fora para dentro.
Começou ontem, dia 18, na Bahia, o 17º ENCAFÉ – Encontro Nacional das Indústrias de Café. O tema escolhido para este ano é: “O Crescimento do Mercado de Cafés de Alta Qualidade”. Mais de quatrocentos interessados, entre torrefadores, cafeicultores, exportadores, corretores e indústrias de equipamentos, compareceram para discutir o tema.
A Green Coffee Association divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 5.017.169 sacas em 31 de outubro de 2009. Uma baixa de 316.125 sacas em relação às 5.333.294 sacas existentes em 30 de setembro de 2009.
Até o dia 18, os embarques de novembro estavam em 950.233 sacas de café arábica, e 25.701 sacas de café conillon, somando 975.934 sacas de café verde, e 128.339 sacas de solúvel, contra 1.076.428 sacas no mesmo dia de outubro. Até o dia 18, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em novembro totalizavam 1.703.936 sacas, contra 1.664.526 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, em uma semana (do fechamento do dia 13, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 19), subiu nos contratos para entrega em dezembro próximo, 395 pontos ou US$5,15 (R$8,93) por saca. Em reais por saca, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 13, a R$298,63 e hoje, dia 19, a R$309,77/saca. Hoje, nos contratos para entrega em dezembro, a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 300 pontos.
Escritório Carvalhaes