Nova safra de café brasileira é suficiente apenas para atender às necessidades brasileiras de exportação e consumo. Não teremos condições de cobrir a quebra de outras origens, sem ficarmos descobertos para o ciclo 2011/2012, quando nossa colheita será de
Boletim semanal – ano 77 – n° 20
Santos, sexta-feira, 21 de maio de 2010
Escritório Carvalhaes
O agravamento da crise financeira internacional continuou levando turbulência aos mercados esta semana. O Euro já recuou 17% em relação ao dólar desde o início de dezembro. Aqui no Brasil, desde o início de maio, o dólar subiu 7,1% frente ao real e a bolsa de valores desvalorizou 13,8% nesse período. Ontem o índice Bovespa fechou a 58 192 pontos, o menor nível desde nove de setembro de 2009.
As bolsas de futuro de café caíram acompanhando os demais mercados, enquanto o físico brasileiro permaneceu estável, amparado pelos baixos estoques (que na prática estão chegando ao final) e pela desvalorização do real frente ao dólar.
Os estoques de café estão caindo em todo o mundo e a nova safra brasileira, de ciclo alto, mesmo que fique acima dos 50 milhões de sacas, como esperado pelo mercado, será suficiente apenas para atender às necessidades brasileiras de exportação e consumo. Não teremos condições de cobrir a quebra de outras origens, sem ficarmos descobertos para o ciclo 2011/2012, quando nossa colheita será de ciclo baixo.
Os preços praticados no mercado internacional não estimulam novos investimentos e nossos cafeicultores, quando muito, apenas otimizam a produção da área já plantada.
Os estoques de café certificado na bolsa de Nova Iorque são atualmente, em sua maioria, de café velho e não atendem à necessidade do mercado de café fino. Mesmo assim caem mês após mês e devem continuar caindo, pois o mercado consumidor paga bem acima das cotações da ICE Futures US, tornando desinteressante certificar lotes nessa bolsa. Esta situação deixa claro que as cotações em Nova Iorque não representam mais a realidade do mercado de café, distorcendo as cotações do físico. Este quadro foi tema de uma palestra no XVIII Seminário Internacional de Café de Santos e um dos assuntos mais comentados nos corredores do Seminário. Muitos analistas acreditam que os dirigentes da ICE Futures US deverão aprovar a entrega de café arábica brasileiro lavado e semi-lavado (CD) para certificação nessa bolsa, que já divulgou um comunicado nesse sentido.
Na próxima segunda-feira, dia 24, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento vai assinar o regulamento técnico de qualidade para o café torrado. Este regulamento será o primeiro criado no Brasil com essa finalidade. Dentro das novas regras estão porcentuais máximos de impureza e classificação quanto a características sensoriais como sabor e aroma.
A \”Green Coffee Association\” divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 4.540.499 sacas em 30 de abril de 2010. Uma baixa de 42.757 sacas em relação às 4.583.256 sacas existentes em 31 de março de 2010.
Até o dia 20, os embarques de maio estavam em 1.154.032 sacas de arábica e 51.067 sacas de conillon, somando 1.205.099 sacas de café verde, mais 102.688 sacas de solúvel, contra 862.379 sacas no mesmo dia do mês anterior. Até o dia 20, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 1.688.431 sacas, contra 1.566.962 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 14, quinta-feira, até o fechamento de hoje, dia 21, caiu nos contratos para entrega em julho próximo, 190 pontos ou US$ 2,52 (R$ 4,69) por saca. Em reais por saca, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 14, a R$ 320,84 e hoje, dia 21, a R$ 325,76/saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em julho, a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 75 pontos.