Publicação: 18/01/07
Pela primeira vez, em 16 anos, os contratos futuros do boi gordo negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) devem ultrapassar os do café, que desde os inicio dos pregões agropecuários lideraram em volume de operações. O diretor de Agronegócio e Energia da instituição, Ivan Wedekin, diz esperar por este resultado neste ano porque a participação dos frigoríficos nas operações vem crescendo. Para aumentar as operações do boi gordo, Wedekin acrescenta que a BM&F pretende realizar neste ano 50 eventos para mobilizar o público alvo.
Além da aposta na pecuária, a bolsa também acredita que o volume financeiro transacionado possa aumentar 50% em relação ao obtido em 2006 devido à escalada dos preços das commodities no mercado internacional. Em 2006, a BM&F negociou US$ 12,419 bilhões em contratos agropecuários, 23% a mais que no ano anterior.
Em 2006 foram 1,354 milhão de contratos, 24,37% a mais que o do ano anterior. Ambos resultados são recordes. De acordo com balanço divulgado ontem, foram 67,393 mil contratos em aberto, 51,2% a mais que os 44,559 mil no ano anterior. Recorde também para o milho. Os papéis do cereal negociados na BM&F alcançaram 138,482 mil, 41,6% maior que os transacionados no ano anterior – volume nunca negociado antes na bolsa. Ameaça O café, que até então é a commodity mais negociada na BM&F, alcançou 561,434 mil papéis no ano passado, 10,1% a mais que em 2005. O volume representa 170% da safra 2006/07. Em 2006, o boi gordo ficou em segundo lugar nas operações agropecuárias da BM&F, atingindo 393,250 mil contratos transacionados, volume 26,2% superior ao do ano anterior. Foi o maior volume já registrado para o produto.
A soja também bateu um recorde de 99,525 mil contratos negociados, volume de 110% maior que o do ano anterior. Os negócios do açúcar atingiram 70,027 mil contratos, 7,1% mais que o verificado há um ano. Isso equivale a 18,9 milhões de sacas do produto. As operações do álcool ficaram abaixo do previsto, segundo o presidente da BM&F, Manoel Felix Cintra Neto. Mesmo com a demanda forte pelo produto para o combustível, os contratos cresceram apenas 3,5% entre 2005 e 2006, alcançando 26,426 mil contratos, o equivalente a 793 milhões de litros. “Os papéis não atingiram a liquidez prevista, estamos tendo dificuldades nas operações”, disse.
Cintra Neto informa que o principal entrave nas operações do álcool são os impostos que incidem em todas as operações de hedge realizadas. “Isto se torna inviável”, afirma o presidente da BM&F. Wedekin informa existir divergências “sobre as alíquotas de PIS e Cofins”. “A Receita Federal precisa definir quais as alíquotas para o álcool”. Wedekin reiterou que os papéis do álcool precisam ser transformados em contratos de exportação a exemplo da soja, sem impostos. As operações do algodão tiveram queda de 12,5% no volume de contratos futuros na BM&F, saindo de 3,328 mil, em 2005, para 2,920 mil no ano seguinte. Os contratos do bezerro, por sua vez, caíram de 3,031 mil para 296 em 2006.