A Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) planeja instituir, até junho deste ano, a já anunciada parceria com a bolsa de Rosário, na Argentina, para a criação conjunta de um mercado futuro para soja brasileira e trigo argentino. Segundo Manoel Felix Cintra Neto, presidente da bolsa, os contratos terão um “espelho” país vizinho e serão liquidados no país de origem.
Cintra Neto confirmou que continua em negociação a inclusão da bolsa chinesa de Dalian no acordo, neste caso envolvendo apenas a soja. Os contratos brasileiros do grão teriam “espelho” também no país asiático. Segundo ele, com a “parceria” os contratos ganhariam liquidez.
Em 2005, conforme Cintra Neto, foram positivos os resultados obtidos com as negociações de produtos agropecuários na BM&F, e ele espera crescimento de 25% no número de contratos em 2006. No ano passado, o volume financeiro gerado pelas commodities do setor cresceu 29,2%, para US$ 10,137 bilhões. Na mesma comparação, o número de contratos passou de 1,05 milhão para 1,09 milhão.
A pequena variação no número de papéis é explicada pela queda da produção de café, segundo Félix Schouchana, diretor de Mercados Agrícolas da BM&F. Segundo ele, os estoques reduzidos provocaram a queda da demanda por hedge para o produto, que puxa as negociações agropecuárias na bolsa. Em balanço sobre 2005, a BM&F destacou o aumento da liquidez dos minicontratos de boi gordo. Foram 24.984 papéis negociados no ano, ainda que eles tenham sido efetivamente no último trimestre.
Cintra Neto também se manifestou contrário a intervenções diretas do governo federal no preço do álcool, produto também negociado na BM&F. “Um contrato só pode existir em uma bolsa de futuros se o preço for livre. Se você gera tabelamento, por exemplo, as consequências são as piores possíveis”, afirmou.