BIOTECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO

Por: PEGN - Pequenas Empresas Grandes Negócios

VIDA NOVA PARA A TERRA


Soluções biotecnológicas capazes de purificar a água e melhorar a qualidade do solo viram referências internacionais.


 


Um cafezal a perdeu de vista em poço fundo, Minas Gerais. Foi nesse cenário que Luiz Chacon, 34 anos, dono da SuperBac, empresa paulista especializada em soluções de biotecnologia, apresentou os primeiros resultados de seu fertilizante orgânico. Produzido à base de pescado marinho, o produto foi criado para otimizar a absorção dos nutrientes do solo pela planta, aumentar os níveis de produtividade da terra e potencializar os mecanismos de defesa da plantação. “Com a substituição dos fertilizantes químicos pelos orgânicos, a fazenda passou a produzir duas vezes mais por hectare, saltando de 20 sacas para 47 sacas de café”, afirma o agricultor Luiz de Oliveira.


“Mudar a cultura do agricultor brasileiro foi mais um desafio que abraçamos na busca pelo desenvolvimento de tecnologias inovadoras que garantam a vida do planeta”, diz Chacon. O trabalho é árduo, segundo ele, porque implica trocar algo considerado eficiente por décadas por um processo cujos resultados apenas começam a aparecer, mas que tende a ser uma exigência no futuro. “”A falta de comida e o esgotamento dos solos são sinais de que é preciso mudar com urgência”, afirma o empresário. “Olhar os movimentos da sociedade é um dos principais caminhos para antecipar uma oportunidade”.


Abrir mercados não é uma novidade para Chacon. Em 1995, ele apresentou um blend de bactérias comedoras de cacau. “Eu sabia que tinha uma inovação difícil de ser assimilada”, diz. “De cada dez portas em que batia, em nove ouvia um sonoro não”. Uma das poucas a recebê-lo foi a Lacta, em São Paulo. A chance foi aproveitada. As bactérias cumpriram o prometido e lhe garantiram o primeiro contrato. Em pouco tempo, os micro-organismos criados em laboratório para eliminar resíduos de estações de tratamento de efluentes, tubulações ou fossas sépticas, transformando sujeira em água limpa, fizeram da SuperBac uma referência em biotecnologia.


O pulo-da-gato foi conseguir viabilizar a produção das combinações de bactérias em escala industrial, ampliando seu prazo de validade, essencial para transformar um negócio do futuro rentável no presente. Isso só foi possível com a venda de parte da empresa a dois bancos, a compra de 10% da americana Bio-Green Planet, maior fabricante de produtos biotecnológicos do mundo, e a parceria com a JohnsonDiversey, que comercializa as bactérias da SuperBac em vários países.


Hoje, a SuperBac conta com cinco divisões: tratamento de água; agricultura sustentável; petroquímica; industrial e produtos para uso doméstico. Em todas elas, a antecipação de demandas futuras pela preservação do planeta é clara. Um dos segredos para o bom desempenho, na visão do empresário, está na soma do domínio de tecnologias únicas com uma gestão aberta dos negócios que prioriza as parcerias e o foco em produção e desenvolvimento. A receita levou a SuperBac a saltar de um faturamento de R$ 6 milhões em 2007 para R$ 35 milhões neste ano.


Ao contrário de boa parte dos empreendedores pioneiros, Chacon desenhou seu crescimento com base em parcerias. “Nossas linhas são produzidas em laboratórios no Brasil, nos Estados Unidos e na Colômbia, sem que isso comprometa nossa propriedade intelectual”, afirma. “A comercialização também está a cargo de terceiros, para podermos nos concentrar no desenvolvimento em escala industrial de novos produtos a partir da biotecnologia. É isso que nos diferencia no mercado.”

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