Bioenergia e os rumos do etanol brasileiro

2 de dezembro de 2008 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: Gazeta Mercantil

INFRA-ESTRUTURA
02/12/2008
 
Bioenergia e os rumos do etanol brasileiro
 
 
Infra-Estrutura
02/12 – 00:30
2 de Dezembro de 2008 – O presidente da ETH Bioenergia, empresa do grupo Odebrecht, engenheiro José Carlos Grubisich, em entrevista publicada na Gazeta Mercantil – sob o título “ETH estuda novas aquisições e abrir capital” (12/11, pag. B-11) -, deu o balizamento de como devem se comportar as empresas neste período de crise. O engenheiro Grubisich, que vem de uma larga experiência na Braskem, em nenhum momento mostrou triunfalismo exacerbado e nem por isso deu mostras de desânimo diante dos atuais e futuros tempos difíceis que vamos enfrentar. Pensar que estamos vivendo uma “marolinha” é subestimar a realidade dos fatos.


A sua mensagem, que considero de otimismo e confiança no futuro, é aquela que deve permear o empresariado de um modo geral, ou seja, continuar investindo naquilo que o Brasil necessita agora e que o mundo necessitará no futuro; no caso específico da ETH Bioenergia, o etanol de cana-de-açúcar.


Crises econômicas acontecem, dão uma reviravolta no mercado e depois, novamente, vem o circulo virtuoso do crescimento.


Sempre tenho alertado, em outros artigos publicados pela Gazeta Mercantil, para os vários gargalos que o setor terá que enfrentar e resolver, entre os quais estão: a) o lobby das petrolíferas e dos produtores do caro etanol de milho americano, que dita a linha dos subsídios para o cereal e defende a taxação do etanol brasileiro em US$ 0,54/galão; b) criar um standard para o etanol a nível mundial, como os derivados fósseis; e c) criar uma marca forte para o nosso energético, ao estilo do “Juan Valdez”, do café colombiano. Não obstante o enorme sucesso interno do nosso etanol, o seu reconhecimento a nível mundial ainda está muito a desejar. Necessitamos ter um marketing permanentemente atuante.


Se já não bastassem esses obstáculos, que dependem não só de negociações na Rodada Doha e em outros fóruns internacionais, como também de ações diretas do setor, o nosso maior e mais grave desafio continua e continuará sendo a penúria da nossa infra-estrutura. Já que o governo, apesar das inúmeras promessas, demonstrou total incapacidade para resolver esse problema, só resta ao setor partir para a ação. Como já escrevi antes, a partir de 2012 o mercado interno vai saturar e vamos ter um excedente de 12 bilhões de litros para exportar e, sem uma eficiente infra-estrutura, corremos o sério risco de ver produtores jogando fora o etanol.


Grubisich quando perguntado como ele avaliava “o momento para o País e para o setor sucroalcooleiro”, respondeu: “É, a crise chegou. É óbvio que essa situação vai levar a uma concentração no setor sucroalcooleiro”. Como em vários outros setores, só sobreviverá quem tiver grande escala, estiver capitalizado, uma eficiente infra-estrutura e uma logística azeitada, como, por exemplo, a Vale.


Assim, desde já, seria interessante seguir o conselho do teólogo inglês William George Ward (1812-1882): “O pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele mude, e o realista ajusta as velas”. Portanto, desde já ajustemos a velas, pois o tempo do petróleo barato já acabou (mais cedo do que se pensa o barril estará a US$ 150) e quando o tempo mudar, quem não tiver combustível limpo, bom e barato, como o nosso etanol, ficará reclamando do vento e a ver navios!


(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 4)(Humberto Viana Guimarães – Engenheiro Civil e Consultor E-mail: humbertoviana@terra.com.br

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