24 de maio de 2006 – 17h08
A ocupação do Norte de Mato Grosso é um fenômeno de expansionismo genuinamente nacional. A partir de uma iniciativa do governo brasileiro, muitos pioneiros abriram as frentes de colonização, transformando a mata fechada em núcleos urbanos, muitos deles vindo a se transformar em cidades.
Assim, Mato Grosso incorporou os Cerrado e a Amazônia. O primeiro pela agricultura, o segundo pelo extrativismo e, posteriormente, pelos avanços urbano e agrícola.
A madeira povoou cidades, produziu e concentrou riquezas e deixou um profundo impacto ambiental de devastação na floresta amazônica.
As culturas da soja e do algodão têm contemplado grandes áreas produtivas e, entre as críticas recebidas, estão a concentração de renda e o impacto ambiental causado pelas grandes quantidades de produtos químicos, necessários para adequação do solo Amazônico para sua viabilidade.
A pecuária é outra atividade que vem se alastrando pela Amazônia, e a que mais provoca desmatamento. Pelas grandes áreas abertas, pelo uso arcaico das queimadas – o que provoca, dentre outros efeitos, a degradação da terra – e pelo fato de não gerar grandes ofertas de empregos, a expansão dessa atividade econômica causa profundas feridas na paisagem Amazônica.
Então, é fácil deduzir que a concentração de renda e o impacto ambiental negativo são características comuns ao modelo produtivo da Amazônia atual. Os números do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), aferidos pelo PNUD, dos municípios amazônicos estão entre os piores do país.
Como alternativa de exploração das riquezas amazônicas de forma sustentável, pensando um ecossistema consciente, gerando o desenvolvimento econômico e social, vemos as vantagens e caminhos para a produção do BIODIESEL, a partir da mamona ou dendê, produzidos em pequenas propriedades (o trabalho completo está no site www.kgmcomunicacao.com.br).
Como sabemos, o consumo de combustíveis fósseis derivados do petróleo apresenta um impacto significativo na qualidade do meio ambiente. A poluição do ar, as mudanças climáticas, o derramamento de óleo e a geração de resíduos tóxicos são resultados do uso e da produção desses combustíveis.
Além disso, o preço do petróleo parece não obedecer qualquer ordem racional, pois mesmo o Brasil se tornando auto-suficiente na produção desse combustível, o país viu seu preço triplicar em menos de 4 (quatro) anos, o que representa profundas dificuldades a todas as atividades que lhe são dependentes.
O biodiesel permite que se estabeleça um ciclo fechado de carbono, o qual o CO2 é absorvido quando a planta cresce e é liberado quando o biodiesel é queimado na combustão do motor.
O biodiesel gera empregos. Estudos do Governo Federal mostram que a cada 1% de substituição de óleo diesel por biodiesel produzido com a participação da agricultura familiar pode ser gerado cerca de 45 mil empregos no campo.
As características climáticas e de solo da região amazônica permitem a experiência da agricultura familiar consorciada, ou seja, uma mesma propriedade pode produzir, além da mamona ou dendê, arroz, café, feijão, mandioca ou pupunha (palmito), o que dá um resultado positivo no balanço energético tanto do dendê quanto da mamona na produção do biodiesel.
Através de um novo modelo de gestão, em que os produtores e os industriais não adotem práticas nocivas de relação comercial, como a pressão irreal sobre os preços dos produtos ou práticas nocivas ao meio ambiente, como ampliação desenfreada de área produtiva avançando sobre a floresta amazônica, o cooperativismo pode significar o sucesso desse empreendimento, quebrando o paradigma de que a agricultura familiar não é rentável.
A rentabilidade do negócio começa pelo controle da produção de uma riqueza de primeira necessidade: o biodiesel como substituto do combustível fóssil, o petróleo. Isso significa que o consumo não estará apenas à mercê do mercado externo, característica da economia primário-exportadora, cujos produtos, como soja e gado, sofrem com a instabilidade da economia mundial.
Com a viabilidade do negócio biodiesel, culturas tidas como únicas alternativas à paisagem amazônica, como a pecuária, perdem a velocidade de aceleração e da devastação, ou seja, o homem passa a ver no biodiesel uma alternativa de produção de riquezas.
A adoção de culturas como a mamona, ou outras como o dendê ou pinhão gigante, servem também para a recuperação das áreas degradadas. O pecuarista pode aproveitar áreas parciais de sua propriedade para a produção da matéria prima do biodiesel ao mesmo tempo em que recupera seu pasto.
Temos, então, um modelo do ganha-ganha. O ser humano explora e distribui as riquezas naturais, que são renováveis, cuidando do meio ambiente e do futuro da humanidade.
Mauricio Munhoz Ferraz é Bacharel em Economia e Consultor Econômico da KGM
Fonte: Mauricio Munhoz Ferraz