Bertone afirma, que podemos estar consumindo palha misturada ao café

21 de novembro de 2007 | Sem comentários Consumo Torrefação
Por: Gazeta Mercantil

AGRONEGÓCIO
21/11/2007 


Desencontro entre números provoca troca de acusações


São Paulo, 21 de Novembro de 2007 – A queixa feita pelo diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Néstor Osorio, na semana passada, de que há um grave erro nas estatísticas da produção brasileira de café rendeu uma troca de acusações entre produtores, torrefadoras e governo. O secretário de produção e agroenergia do ministério, Manoel Vicente Bertone prometeu fazer uma rígida fiscalização na cafeicultura para corrigir os possíveis erros nas estatísticas, que são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).


A distorção, segundo Bertone, estaria sendo provocada pela indústria que em vez de café estaria adicionando palha ou outras impurezas ao produto que vendem no mercado interno. “Pode existir erros em vários lugares, pode ser que os dados da Conab, sobre consumo, estejam imprecisos. Ou seja, podemos estar consumindo palha misturada ao café”, disse Bertone à Gazeta Mercantil, depois de fazer sua palestra no 15 Encafé, promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), em Porto de Galinhas, em Ipojuca (PE). “Vamos futucar (a indústria)”, reforça Bertone.


Já analistas de mercado e exportadores acreditam que os erros estejam na produção e, por isso, subestimam os dados da Conab. Os números atuais sobre consumo, produção, exportações, existentes no mercado não batem.


E a indústria revida a acusação do secretário do ministérrio. “Fazemos o monitoramento do setor há 18 anos, por meio do Selo de Pureza Abic”, disse o diretor-executivo da associação, Nathan Herszkowic. “Nosso selo, que existe há 18 anos, é muito bem sucedido”, confirma o presiente da instituição, Guivan Bueno. Ele diz que os laboratórios da ABIC fazem mais de duas mil análises de amostras de café por ano. Para efetuar as análises, diz, as amostras são coletadas nos supermercados. “O resultado é apresentado a todas a entidades representantivas (do consumidor), como Anvisa e Procon. “Trata-se de um serviço com uma fiscalização bem-sucedida, independente da falta de recursos públicos”, destaca o presidente da Abic.


Bertone diz que nem todas as empresas têm o selo Abic, por ser até um programa voluntário.


Além do consumo, acrescenta Bertone, serão reavaliados os últimos números de estoques da estatal, anunciados em março deste ano. “Estamos em contato com a Conab para aprimorar as informações relacionadas aos estoques de março, para termos certeza em relação aos estoques. “O importante é tratar os números com trasparência”, diz. A meta dele é que a apuração dos dados ocorra até março de 2008, quando serão divulgados os novos estoques de passagem.


Sem querer entrar no mérito da discussão da adulteração do café, o analista de mercado de café da Conab, Jorge Queiroz, diz que os números dos estoques privados recebidos para o levantamento são confiáveis – foram analisados dados de 1,364 mil empresas.


(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 5)(Viviane Monteiro) 

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