Os investidores internacionais centram suas atenções nos rumos da política monetária dos Estados Unidos. A fala do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, é o destaque da leve agenda externa desta terça-feira e tem potencial para mexer com o dólar, tema relevante para o Brasil.
As perspectivas de recuperação norte-americana e o amparo da liquidez injetada pelo Banco Central Europeu vêm sustentando os mercados globais nos últimos dias. A reestruturação bem sucedida da dívida da Grécia tirou um peso do ombro dos investidores e liberou apostas em ativos de risco.
Hoje, as bolsas europeias engatam realização de lucros e caem por volta de 1% no início dos negócios. Entretanto, especialistas acreditam que os gestores de recursos seguirão colocando para girar os caixas acumulados nos meses de tensão.
A expectativa de melhora da economia dos Estados Unidos e os próximos passos do Fed seguem como principais assuntos dos mercados. Recentemente, os investidores passaram a descartar uma nova rodada de relaxamento quantitativo nos EUA e até mesmo a antecipar as perspectivas de alta dos juros.
Ninguém melhor para calibrar as percepções do que Bernanke. Ele faz hoje, às 13h45 (de Brasília), a primeira de quatro conferências a estudantes da George Washington School of Business, em Washington, com o tema “origens e missão do Federal Reserve”.
As falas de membros do Fed já começaram a agitar a semana. Ontem, o falcão Richard Fisher, de Dallas, disse que o sistema financeiro não precisa de mais liquidez. Já William Dudley, de Nova York, afirmou que “nada foi decidido” sobre uma nova rodada de relaxamento quantitativo.
Como a economia dos EUA já deu, em outras ocasiões, sinais falsos de retomada, há quem fique reticente em descartar totalmente novas medidas de alívio. Para Bricklin Dwyer, economista do BNP Paribas, é mais provável que aconteça o chamado QE3.
A discussão é bastante relevante para o Brasil nesta nova guerra cambial. O governo já demonstrou que não vai poupar esforços para combater a valorização do real. Se a recuperação dos EUA realmente engatar, a moeda brasileira pode sentir menos pressão.
No final da tarde de ontem, veio mais uma investida. O secretário do Tesouro, Arno Augustin, disse que o governo vai acelerar o pagamento de dívida externa brasileira para segurar a valorização do real. Já está sendo negociado o pagamento antecipado de US$ 2,9 bilhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). (Estado S.Paulo)