Beneficiamento será “hora da verdade” para safra 2015

5 de março de 2015 | Sem comentários Mais Café

As chuvas melhoraram as condições das lavouras de café do cerrado de Minas Gerais, mas não anularam prejuízos já realizados. Após um ano marcado por forte estiagem e por quebra de safra, em 2015 o problema maior foram as altas temperaturas observadas nas regiões.
No entanto, é cedo para se avaliar o real tamanho da safra, que só será conhecida na “hora da verdade”, quando as sacas de café estiverem sendo beneficiadas. Estas e outras considerações partiram do presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Francisco Sérgio de Assis, que concedeu entrevista durante a Fenicafé 2015, evento que está sendo encerrado hoje em Araguari, cerrado de Minas Gerais.

As chuvas de fevereiro melhoraram as condições das lavouras de café ou isso não passa de especulação do mercado?
De certa forma as chuvas melhoraram as condições das lavouras, mas o prejuízo realizado já foi. A florada aconteceu lá atrás, com déficit hídrico e altas temperaturas. Então as chuvas amenizam um prejuízo seguinte, porque um já está realizado. E esse prejuízo seguinte é a safra 2016. Estamos com um crescimento vegetativo que não está igual ao observado em anos com boas chuvas. Temos uma perda vegetativa para a próxima safra e uma já realizada. Embora tenhamos uma produção naturalmente menor, por conta do ciclo, houve perdas extras por conta da falta de chuvas até janeiro. Mas nós só vamos saber o tamanho disso tudo na hora da colheita. Hoje quem está falando em tamanho de safra está sendo um adivinho, pois não sabemos o que está dentro do grão. Então, embora a chuva venha a facilitar a granação, acho que o mercado é muito financeiro.
Na verdade não temos que nos preocupar tanto com o tamanho da safra. Se ela é de 45 ou 48 milhões de sacas nada muda. Precisamos de 35 milhões para exportar e de 20 milhões para consumir. Sabemos que no ano passado um pouco do estoque foi consumido e que mais ainda será demandado em 2015, fazendo com que cheguemos em 2016 com estoques no limite. Então é isso que temos que observar, e o mercado no momento se beneficia, é evidente, pois a Bolsa de Nova York é igual a uma sanfona: se não subir e descer não dá música. Temos que interpretar isso desta forma: o mercado está muito equilibrado. Vamos ter estoques após esta safra com níveis nunca vistos na história da cafeicultura.

Há perdas mesmo para áreas irrigadas do cerrado de Minas Gerais?
Há sim, não por falta d’água, mas por conta das altas temperaturas, que ficaram de quatro a cinco graus acima das média em algumas regiões. Houve muito “coração negro”, que é quando altas temperaturas sobre a variedade Mundo Novo cozinham o grão. Então é por isso que falo que não temos como medir o tamanho da safra. Sou cafeicultor, estou há 28 anos na atividade, nunca errei uma safra, e este ano não sei falar quanto que irei colher. Temos que ter muita calma e muita serenidade e saber que os números (safra, estoque e consumo) são equilibrados e que temos que olhar para a nossa necessidade, que é de 55 milhões de sacas.

Os números da Companhia Nacional do Abastecimento não estão muito otimistas para este ano?
Mais para lá ou mais para cá não muda nada, porque quando se fala em estimativa, pode dar 10 por cento a mais, 10 por cento a menos… isso é estimativa. Mas a hora da verdade será no beneficiamento do café.

Qual é a expectativa em relação a preços para o primeiro semestre do ano?
O produtor não está sentindo muito a queda nos preços porque o dólar subiu. Houve um equilíbrio. Mas em termos de bolsa nós perdemos 100 dólares por saca, um valor significativo. Mas, isso, uma hora ou outra, quando a realidade vir, fará o mercado se ajustar. (Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) Agência SAFRAS)

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