Valor é 30% maior do que o desembolsado na safra passada; desse total, R$ 9,4 bi vão para agricultura familiar
Célia Froufe, BRASÍLIA
03/07/09 – O Banco do Brasil anunciou ontem que vai destinar R$ 39,5 bilhões para as operações de crédito rural na safra 2009/2010, que oficialmente começou anteontem. O volume é 30% maior do que o do ano passado e representa uma importante fatia dentro dos R$ 107,5 bilhões reservados pelo governo para esse fim. Dos R$ 39,5 bilhões do banco, R$ 9,4 bilhões vão financiar a agricultura familiar e R$ 30,1 bilhões os demais produtores e cooperativas. Os recursos, de acordo com o diretor de Agronegócios do Banco do Brasil, Luís Carlo Vaz, já estão disponíveis no banco.
O banco também anunciou ontem novos produtos financeiros para a área rural. O produtor de milho e soja, de médio porte, que quiser entrar no mercado futuro de opções para evitar prejuízos com a baixa dos preços, por exemplo, terá uma oportunidade mais simplificada a partir de agora, segundo Vaz. Para obter a proteção de preço com referência na Bolsa de Mercadorias e Futuro (BM&F), operação tecnicamente conhecida como hedge, o interessado pagará para o banco uma taxa de 2% a 3,5% do valor total a ser custeado. A instituição ficará a cargo de toda a operação, que vale para o agricultor que tem como renda bruta anual a quantia de até R$ 500 mil.
Segundo Vaz, como a expectativa é a de que haja um grande número de interessados – o BB já reservou R$ 1,5 bilhão para as operações iniciais -, o custo tende a ser mais baixo para o produtor do que se ele resolver fazer a operação por conta própria, diretamente na Bolsa.
Na operação de hedge, o agricultor adquire um contrato de opção de venda do seu produto, na Bolsa, por um determinado preço. Ou seja, ele assegura o direito de receber um valor previamente acertado pela colheita. No dia do vencimento, se o preço do mercado estiver abaixo do valor segurado, ele poderá usar a opção e receber o valor combinado.
Caso o preço do mercado esteja acima do contratado, a tendência é a de que o produtor não exerça a opção, comercializando normalmente a produção. Os vencimentos para esses contratos começam em junho e julho do próximo ano.
A operação será positiva para todas as partes envolvidas, de acordo com Vaz. Enquanto o produtor deve sofrer menos com as bruscas oscilações de preços, o Banco do Brasil evita solicitar recursos do Tesouro Nacional para cobrir eventual falta de pagamento por parte do agricultor que sofreu com a volatilidade de preços e não tem como honrar suas dívidas.
Por enquanto, a operação está disponível apenas para milho e soja, que representam aproximadamente 85% da safra total de grãos do País. Mas, segundo o diretor do banco, toda commodity agrícola tem potencial para ser incluída nas operações de hedge a partir da safra 2010/11, depois que o banco tiver um levantamento das operações realizadas inicialmente com milho e soja.