É hoje o Dia Nacional do Café [ 24/05 – 08:28 ] |
Hoje é o Dia Nacional do Café, uma data para marcar a tradição do brasileiro de beber o cafezinho. Mas agora, especialistas e baristas afirmam que os brasileiros estão aprendendo a tomar também o café expresso. Moderno ou tradicional, o que vale é a história das pessoas com o café, às vezes para motivar uma simples conversa. Uma rua do centro de Sorocaba foi, em 1955, de terra e rodeada por chácaras. E naquele ano e naquele local Osório Leme instalou sua empresa de torrefação e moagem de café. De lá pra cá muita coisa mudou, menos o sabor da bebida. Quem afirma é o próprio Osório, que fala sobre o tema com aquela destreza de quem tem 50 anos de experiência. Quando começou, sua empresa tinha o trabalho braçal de 25 pessoas. Toda operação – torrefação, moagem, ensacamento e pesagem – era manualmente. Com o uso de tecnologia, hoje a empresa trabalha com apenas duas pessoas. “A tecnologia diminuiu a mão-de-obra empregada, mas permitiu maior limpeza e higiene em todo o processo”, garante o empresário. Essa tecnologia permite maior controle de qualidade, agregando maior valor ao produto final. O controle de qualidade já deve começar na lavoura, destaca Osório. “O bom fruto já vem de um bom solo e de árvores bem cuidadas”. Assim, uma boa safra produz o bom café. “Muitas pessoas que gostam da bebida e sabem diferenciar o que é bom e o que é ruim, tomam sem adoçá-la. Quando o café é de qualidade ele já tem um leve sabor adocicado da fruta”, conta. Consumidor exigente Apreciadores de bons cafés conhecem cada vez mais sobre todo o controle de qualidade envolvido na produção, bem como as variações que influenciam no sabor. “Isso faz com que sejam mais exigentes”, afirma Luiz Fernando Leme, diretor comercial da empresa e admirador da sabedoria do pai. Fragância, acidez, amargor, aroma, sabor são algumas das qualidades avaliadas por órgãos, como o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), que analisam qualidade e classificam o produto. Quanto aos fornecedores dos frutos em grãos, Osório acredita que os melhores estão na região da Mogiana, que começa em Campinas e vai até a cidade de Rio Grande, em Minas Gerais. O grande boom Leme acredita que há uns sete anos o consumo de café sofreu um grande impulso com novos hábitos iniciados no ambiente de trabalho, em hotéis, restaurantes, bares e cafeterias, lugares onde é servido o café expresso. “O resultado do café expresso é diferente, é mais saboroso porque os grãos são moídos na hora de fazer a infusão. E agora o hábito de tomar café fora de casa começa a fazer parte da rotina de alguns brasileiros”, diz Leme. Esse novo hábito pode ser notado nas cafeterias. Algumas já bastante tradicionais, outras com ares de inovação e que até oferecem opções de leitura ou internet, porém a maioria com ambientes atraentes e aconchegantes. Percebendo o movimento de pessoas nas cafeterias nas cidades de São Paulo e Brasília, e acreditando que Sorocaba também pode abrigar esse hábito, João Paulo Nogueira decidiu investir no ramo. Há pouco mais de um mês abriu uma casa na cidade e já tem clientes assíduos. Um aparece três vezes ao dia para tomar um café, outro sempre vai na hora do almoço e têm aqueles que aparecem no final de semana com a família. “Aqui o ambiente é bonito e tranqüilo, tem o acesso à internet, variação no cardápio, mas o ponto forte é mesmo o café”, comenta. O café expresso também conta com a habilidade do barista em extrair da melhor forma a bebida da máquina. É esse profissional o responsável pela qualidade do café, pela regulagem da máquina, controle de temperatura dos grãos, oxidação, espumosidade do café servido e quantidade de gordura na xícara. Também é o responsável pelo preparo de receitas criativas que levam o café em sua composição. “Fiz um curso básico de barista e procuro me informar e ler muito a respeito para criar meus drinks. É um trabalho rico em detalhes que influenciam diretamente no aroma e sabor do produto final”. Apesar das mais diversas e saborosas receitas de bebidas preparadas com o café, ainda é o expresso o mais procurado pela maioria das pessoas que freqüentam as cafeterias. Tanto Nogueira como Regina Dias, dona de uma franquia instalada há quatro anos na cidade concordam. “Não importa a estação, o café expresso é muito procurado”, afirma Regina. Clientes Nem bar, nem restaurante. As amigas Aline Teixeira e Helen Dante gostam de conversar em cafeterias pois podem saborear um bom acompanhamento para o café. Segundo Helen, o gosto por café despertou a vontade por freqüentar esses lugares. “Depois percebi que saborear café é prazeroso quando compartilhado com amigos”. Para Aline, esses encontros são como um ritual, “da mesma forma que algumas civilizações usam o chá para realizar e dividir esses momentos”. Ambas concordam: “Certamente vamos sair daqui mais relaxadas porque esses ambientes nos dão a sensação de aconchego”. Roberto Moreno e José Cândido sempre que podem dão uma passadinha na cafeteria, mesmo que rapidamente. “Aprecio tomar um cafezinho em casas de café quase que diariamente”, diz Moreno. Cândido avalia como produtiva as conversas sobre trabalhos realizadas nesses locais, pois ela “flui tranqüilamente”. Saiba como fazer um bom café O cafezinho feito em casa pode ficar mais saboroso se pequenos detalhes forem seguidos. Osório Leme ensina alguns truques. A medida: cada um encontra a sua. Para começar a achar o ponto certo pode ser utilizado um copo de água de 250ml para uma colher de sopa de pó de café. A água: se for direto da torneira, o gosto do café será diferente. Quanto mais pura a água, mais natural será o gosto. Pode-se utilizar água mineral ou filtrada. Se ferver a água, deixe esfriar até uns 90ºC, antes de despejá-la no pó. Isso remove o café e o sabor é liberado igualmente. O filtro: se utilizado filtro de papel, deve-se despejar um pouquinho de água na base do pó e depois, a um palmo de distância e lentamente ir despejando o restante da água. Se for utilizado coador de pano, o pó de café deve ser misturado na água e depois o líquido deve ser despejado. Osório recomenda que o café seja tomado sempre fresquinho. “Depois de uns trinta minutos, mesmo conservado em garrafa térmica, o sabor não é mais o mesmo pois acontece a oxidação do café (liberação de oxigênio e propriedades benéficas”. |
Andrea Alves |
[ Redação Cruzeiro do Sul ] |