22/07/16 | Estela Casagrande – estela.casagrande@jcruzeiro.com.br
Entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio, e somente nesta faixa de terra, é cultivado com sucesso o café, bebida responsável por conduzir reuniões, dar o tom do encontro e pretexto para estar com alguém.
A planta surgiu na Etiópia,no centro da África, mas foram os árabes que promoveram sua propagação. Seu nome vem de qahwa, palavra árabe que significa vinho. E como o vinho, a bebida tem se tornado cada vez mais gourmet. Na palestra realizada na última quarta (20) na Cafeteria Deltaexpresso pelo barista português José Antunes, o público — formado por clientes habituais da cafeteria –, descobriu que assim como o vinho, o café pode ter uma infinidade de características que formam o blend.
Conhecendo a preferência de cada um, é possível escolher o café mais apropriado para saborear: leve ou encorpado, amargo ou adocicado, aroma forte ou fraco.
Em entrevista exclusiva para a coluna Sabores, o profissional destaca que o café brasileiro, é muito bom, mas sozinho lhe falta alguns componentes, principalmente no corpo, além de ter acidez muito acentuada. “Ao combinar as diversas castas, podemos melhorar a acidez e oferecer ao consumidor um excelente espresso, facilmente repetível; é possível tomar dois cafés seguidos com prazer”, destaca Antunes.
Questionado sobre o melhor café do mundo, Antunes informa que muitos países produzem excelentes cafés e que não é seguro afirmar que um é melhor que outro, porque esse conceito depende de gosto. Alguns blends (o produto final que chega até as prateleiras) são formados por duas ou três espécies de café. “Nas Américas, o aroma é levemente frutado ou floral, na África podemos sentir o poder da madeira e na Ásia, das especiarias”. A Delta Cafés, empresa da qual Antunes faz parte, por exemplo, compra café de 60 países.
Confessando que toma de 6 a 8 cafés por dia por prazer, Antunes é de uma gentileza imensa ao ser questionado sobre a garrafa térmica como recipiente para “guardar” café. “O café perde suas propriedades em pouco tempo e para saboreá-lo em todo seu sabor e aroma, o consumo deve ser imediato.”
Os convidados da palestra também puderam degustar os mais variados blends, entre eles os internacionais Ruby e Platinum e os de origem (Brasil, Timor, Angola e Colômbia). Depois de saber mais sobre a história do café, resta agradecer ao primeiro ser humano que teve a excelente ideia de torrar e moer os grãos de café, e dela preparar uma bebida que lembra sempre uma boa prosa. E se o assunto é prosa, aproveite nossas receitas para acompanhar um bom café.