02/04/2013
Déficit chegou a US$ 5,1 bi, mas governo aposta em saldo positivo no ano
Eliane Oliveira
BRASÍLIA A balança comercial brasileira registrou déficit de US$ 5,150 bilhões no primeiro trimestre deste ano, informou ontem o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Foi o primeiro resultado negativo nos três primeiros meses do ano desde 2001, quando as importações superaram as exportações em US$ 404 milhões. Já em março, após dois meses seguidos de déficits (US$ 4,036 bilhões em janeiro e US$ 1,278 bilhão em fevereiro), a balança teve superávit de US$ 164 milhões, mas o saldo foi o pior desde março de 2001, quando ficou negativo em US$ 276 milhões.
As exportações realizadas no período de janeiro a março somaram US$ 50,839 bilhões. Pela média diária exportada, houve uma redução de 3,1% em relação ao mesmo período de 2012. As importações atingiram US$ 55,989 bilhões, com alta de 11,6% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. As maiores quedas nas exportações ocorreram com óleos combustíveis, motores e partes para veículos, aviões, petróleo em bruto, fumo em folhas, soja em grão, café, celulose e cobre.
No primeiro trimestre, as importações de combustíveis e lubrificantes cresceram 35,6%; de bens de capital, 10,7%; e de matérias-primas e intermediários, 9%. Por outro lado, as compras de bens de consumo caíram 0,3%. Os principais países de origem dos gastos do Brasil no exterior foram EUA, China, Argentina, Alemanha e Coreia do Sul.
Impacto da Petrobras
Em março, as exportações somaram US$ 19,323 bilhões, com acréscimo de 1,6 % em relação ao mesmo mês de 2012. As compras no exterior ficaram em US$ 19,159 bilhões, com aumento de 11,6% ante março do ano passado.
A secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, disse que, apesar do pequeno superávit do mês passado, continua apostando que 2013 fechará com saldo positivo. Ela destacou que tanto a média diária exportada, de US$ 966,2 milhões, quanto a média importada, de US$ 958 milhões, foram recordes para meses de março.
– O superávit foi modesto, mas chama a atenção – disse.
Segundo Tatiana, os dados relativos às importações estão distorcidos, uma vez que diversas operações de compra de petróleo e derivados realizadas pela Petrobras no ano passado ainda não foram totalmente contabilizadas na pauta. Ela disse acreditar que, do total previsto de US$ 4,5 bilhões, ainda falta contabilizar cerca de US$ 1,8 bilhão.
Para Tatiana, as importações de petróleo e derivados, que cresceram 15,8% em março, continuarão atrapalhando a obtenção de superávits comerciais ao longo do primeiro semestre, devido ao registro tardio das operações.
A secretária disse, ainda, que houve aumentos nas exportações de milho e soja no mês. Esses produtos estão com dificuldades para chegar aos portos brasileiros por problemas de logística. Mas, segundo a secretária, não houve um único contrato cancelado de venda de soja, apenas algumas reprogramações de embarques.