Estado é o quarto maior produtor do país, com um volume de 2,03 milhões de sacas anuais
Jorge Velloso
Ele é forte desde os tempos coloniais. Motivo de discussões sobre benefícios e malefícios à saúde, mas, acima de tudo, uma verdadeira paixão nacional. Quase toda a população brasileira adora tomar o bom e velho cafezinho. Só na Bahia, estima-se que sejam bebidas 4,9 bilhões de xícaras por ano, um consumo de 700 mil sacas (cada uma representa 60kg) do grão no mesmo período, segundo a Associação de Produtores de Café da Bahia (Assocafé). “Cada saca condiz a sete mil cafezinhos”, explica o presidente da entidade, João Lopes.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), a Bahia produz 2,03 milhões de sacas anuais, ficando atrás apenas de Minas Gerais (14,372 milhões), Espírito Santo (8,662 milhões) e São Paulo (2,58 milhões). Atualmente, o Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo e consome aproximadamente 17 milhões de sacas anuais, perdendo apenas para o americano (19 milhões/ano). “Acredito que em três anos seremos os primeiros em todos os aspectos”, garante Lopes.
Valores – Hoje, os amantes do fruto têm um motivo a mais para degustar a bebida, já que 24 de maio é o dia nacional do café. Em Salvador, tem “menorzinho” – como também é conhecido popularmente – para todos os gostos e bolsos, pois o preço do expresso varia de R$0,40 a R$3. Há também drinques mais sofisticados preparados com café, que atraem o consumidor pelo sabor e pela estética. Esses chegam a custar até R$13.
O cliente pode tomar cafezinho em pé no meio da rua, sentado numa padaria comum ou acomodados em cadeiras confortáveis, como nas cafeterias de ponta da cidade. Com seu laptop sobre a mesa de uma dessas casas especializadas, o empresário Rafael Bastos fica de olho no rendimento da bolsa de valores ao mesmo que se delicia com a bebida. “Aqui já virou meu escritório”, brinca Bastos. Ele conta que toma pelo menos 15 cafezinhos por dia e gosta tanto do fruto que investiu R$1,3 mil numa máquina moedora para sua casa.
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Produto para todos os públicos
Amante declarada do café, a mineira Cida de Russan largou o emprego no ramo de direitos humanos para investir no mercado. Ao lado do marido, Sérgio Lopes, ela administra a Lucca Cafés Especiais, considerada pela proprietária uma butique do fruto. Ela defende que a bebida faz bem para a saúde. “O que faz mal é a baixa qualidade dos grãos e o excesso”, garante. “Café é um bicho caprichoso e há quatro anos os baianos começaram a apreciar mais o tipo especial- aqueles de grãos maduros, plantados em grandes altitudes”, revela. Ela acredita que, apesar de atualmente não gerar grandes lucros, o mercado tende a melhorar.
Vivendo uma realidade bem diferente, todos os dias, José Raimundo Nascimento, 51 anos, acorda antes do raiar do dia. Às 4h30, ele deixa sua casa humilde no bairro de Brotas e vai andando até a Barra. Do lado, está seu companheiro há 17 anos: o carrinho de cafezinho, sua fonte de renda. Nascimento conta que vende em média 80 “menorzinhos” por dia a R$0,40 – o equivalente a R$32. “Tenho a certeza de que tenho o melhor produto do Brasil”, se gaba o ambulante.
O expresso também é muito consumido nas livrarias e em lojas de conveniência dos postos de gasolina. Numa delas, localizada na Cidade Jardim, a gerente Carla Oliveira conta que por dia, aproximadamente 200 clientes tomam a bebida. “Nos dias úteis, os clientes são geralmente executivos que trabalham nas redondezas, mas durante os fins de semana, muitas famílias passam para tomar um ou mais cafezinhos”, revela Oliveira.
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Produção anual de café
Sacas (60kg)
Brasil 32,065 milhões
Minas Gerais 14,372 milhões
Espírito Santo 8,662 milhões
São Paulo 2,580 milhões
Bahia 2,028 milhões