A Baggio Café quer triplicar as vendas de cafés especiais, os chamados gourmet, até 2013. A companhia acaba de colocar em operação sua nova estrutura de torrefação em Araras (SP), na qual R$ 1 milhão foi investido. O aporte permitiu a ampliação da capacidade de processamento de 7 mil quilos para 30 mil quilos de café por mês. “Além de produzir nossos próprios cafés, a ideia é também prestar serviços para outras empresas”, afirmou a diretora comercial da empresa, Liana Baggio Ometto.
Exportação também está nos planos da empresa, que faz parte do programa da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), que capacita pequenas e médias empresas para exportação. “Estamos em busca de novos mercados e fizemos um embarque experimental para o Chile”, conta.
Diante de um mercado em que o crescimento de consumo é vegetativo, a Baggio, que iniciou sua atividade exportando grão verde, resolveu se especializar em cafés gourmet, o segmento que mais cresce dentro do setor, de acordo com a Abic. Agora, a companhia aposta na sofisticação do paladar do brasileiro para o café e no aumento da renda da população, ainda que as recentes medidas de restrição de demanda impostas pelo governo possam reduzir o consumo de itens mais caros, como os cafés especiais.
“É um processo muito similar ao que está acontecendo com vinho, que estamos aprendendo a apreciar.” A executiva considera que o mercado de cafés gourmet está bastante aquecido. “A tendência é que continue assim por um bom tempo. Então, decidimos nos antecipar à demanda, criando melhores condições para aumentar nossa produção”, disse Liana. De acordo com a última pesquisa de hábitos de consumo da Abic, de 2010, embora o consumo de cafés gourmet esteja concentrado na classe A, houve crescimento generalizado na demanda.
Em 2004, 1% dos consumidores da classe A consumiam a bebida, parcela que passou a 11% em 2010. Na classe C, a fatia passou de 1% a 4%.
A companhia continua a apostar nos cafés aromatizados.
“Tivemos uma grande surpresa.
Esperávamos vender de 300 a 400 quilos por mês e hoje comercializamos 2 mil quilos mensais”, afirmou. Hoje são seis itens comercializados pela empresa nesse segmento. No ano passado, as vendas da torrefadora aumentaram quase 50% em relação ao ano anterior.
A expectativa é crescer em torno de 40% ao ano.
PREÇOS ALTOS Liana Ometto não vê perspectiva de queda de preço do café em grão no curto prazo e admite que as empresas têm tido necessidade de repasse de custos ao consumidor. Isso é especialmente complicado no caso dos grãos especiais, cuja oferta foi afetada pelos problemas climáticos do ano passado.
A Baggio fez repasses de 25% a 30% para o consumidor final, disse. “A expectativa é que o preço não abaixe. Há muita região que não tem café de qualidade, por causa do clima do ano passado”, disse.
A família Baggio produz o próprio café em fazendas na Alta Mogiana paulista e sul de Minas Gerais. Em média, colhe cerca de 15 mil sacas de 60 kg ao ano.