Aviação a serviço do agribusiness

O Brasil se prepara para colher mais uma safra recorde.

Por: Shailon Ian (*)

As projeções do governo estimam em mais de 210 milhões de toneladas de grãos a serem colhidas neste ano nos campos brasileiros. Não que isso seja uma surpresa. As últimas décadas foram de crescimento e profissionalização da agricultura no Brasil. As culturas ultrapassaram fronteiras tradicionais e graças a muito investimento em pesquisa acabou por ganhar as extensas paragens do Norte e do Centro-Oeste do país.
 
Se antes as vastas extensões de terra já representavam uma vantagem competitiva para o agribusiness brasileiro, agora, para além disso, os produtores se preocupam cada vez mais em obter a máxima produtividade por hectare plantado, aumentando a competitividade da produção nacional e a rentabilidade da indústria agrícola.
 
Nesse sentido, a indústria aeronáutica, por meio das operações aeroagrícolas, acaba por desempenhar um papel relevante nos ganhos na produção. Tal relevância é facilmente comprovada ao se observar os números de aeronaves registradas no Brasil. Hoje, a segunda maior frota de aeronaves dedicada a uma operação específica é constituída de aeronaves aeroagrícolas, que são superadas apenas pelos grandes aviões dedicados às linhas aéreas.  A utilização de aeronaves no apoio ao agribusiness traz vários benefícios, desde a redução do tempo necessário para o tratamento de grandes áreas, até o monitoramento preciso das fazendas com a utilização de drones, por exemplo.
 
O primeiro registro oficial de uso de aeronaves aplicadas na agricultura brasileira data do ano de 1947. Produtores da região de Pelotas (RS) utilizaram no dia 19 de agosto daquele ano um avião para pulverização contra uma infestação de gafanhotos. Aos poucos, com o crescimento da fronteira agrícola brasileira, essa ferramenta foi ganhando espaço. Hoje o país é um importante mercado para aeronaves e equipamentos de uso aeroagrícola.
 
As aeronaves oferecem a velocidade para algumas ações imediatas, como infestações de maneira rápida. Assim, culturas atingidas por eventuais pragas podem ser tratadas com aplicações emergenciais por aviões agrícolas. A relação custo benefício tem colocado essas aeronaves como preferência na agricultura em muitas outras situações.
 
Uma das principais aeronaves agrícola utilizadas pelo setor é o avião Ipanema, fabricado pela Neiva, subsidiária da Embraer, instalada em Botucatu, no interior de São Paulo. Em 2013, a marca alcançou 1.300 aeronaves entregues ao mercado. No final de 2015, a Embraer recebeu da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) a certificação para a sexta versão do Ipanema, que carrega o título de primeiro avião certificado a voar movido a etanol do mundo.
 
O produtor rural sabe da importância dessa ferramenta para os bons resultados na lavoura. Entretanto, toda atividade aérea deve ser cercada de cuidados específicos para se garantir a segurança de voo e o cumprimento das regras específicas emitidas pela Anac. O interessado em utilizar tal serviço deve ficar atento em contratar apenas prestadores de serviço homologados pela autoridade aeronáutica, de acordo com regras rígidas de segurança que envolvem o treinamento das tripulações e equipes de apoio no solo. Além disso, deve-se seguir a correta manutenção das aeronaves e equipamentos de pulverização.
 
O produtor rural brasileiro é um exemplo de empreendedor que sabe se adaptar aos novos tempos e utilizar as novas ferramentas para melhoria da sua produção. Esperamos que os aviões continuem oferecendo soluções para a nossa agricultura sempre voar alto.
 
(*) Shailon Ian é engenheiro aeronáutico e sócio-presidente da Vinci Aeronáutica

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