09/09/15
Queda no volume movimentado por companhias aéreas só não é pior devido ao aumento da demanda internacional. Para empresas, porém, receita adicional não é alternativa para crescer
São Paulo – A receita adicional das companhias aéreas brasileiras Gol, TAM, Avianca e Azul teve queda de 8,01% no volume de cargas transportadas de janeiro a julho de 2015. No entanto, a desaceleração podia ser pior se as exportações não tivessem aumentado no período.
Mesmo sem ser o core-business das aéreas, o transporte de cargas expressas se torna necessário para alavancar os resultados devido à queda do tíquete médio das passagens e ao desaquecimento das viagens corporativas.
De acordo com o vice-presidente da Modern Logistic, Adalberto Febiliano, o resultado foi impactado pelo desaquecimento do mercado. Para ele, o resultado não foi tão negativo devido ao desempenho internacional, que segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), teve alta de 2,81% nos primeiros sete meses do ano. “Na importação temos menor elasticidade com relação à variação cambial.”
Febiliano aponta ainda que na exportação o volume transportado também tem aumentado devido a competitividade que o preço dos produtos brasileiros adquiriram com a alta do dólar frente o real. “Temos enviado motores elétricos e componentes eletrônicos para todo o mundo”, exemplifica.
O executivo acredita que o desafio de aumentar a receita é diferente do que acontece com transportadoras especializadas, pois as aéreas não conseguem adotar tanta redução de custo. “Os cargueiros ajustam as operações mais facilmente. A carga não reclama a hora em que será transportada. Os passageiros sim.” Ele lembra que o transporte de carga realizado pelas companhias é em aeronaves de passageiros.
Desempenho
“Boa parte do crescimento de cargas internacionais está ligada à desvalorização do real, que tem favorecido a exportação como um todo”, concorda o diretor da unidade de cargas da Gol, a Gollog, Eduardo Calderon. Como estratégia para aumentar as receitas no segmento internacional, o executivo afirmou que está realizando investimentos em sistemas que permitam o estabelecimento de acordos de interline com algumas companhias aéreas estrangeiras para aumentar a participação no setor.
Tanto a Azul Cargo quanto a TAM Cargo disseram que têm investido em tecnologia, infraestrutura e capacitação como principal estratégia para crescer. Sobre o atual cenário do segmento, a TAM Cargo afirmou que o setor de carga segue apresentando uma tendência de baixa, devido principalmente à piora do resultado de importações para a América Latina, diminuição das exportações de alguns produtos da região e enfraquecimento do mercado doméstico no Brasil.
Para melhorar os resultados, a Azul acredita que um dos gargalos a ser superados é ter um plano estratégico de carga na maior parte dos aeroportos.
Vivian Ito