23/07/2013, FAEMG
A nova Política Nacional de Irrigação (Lei 12.787/2013), aprovada em janeiro deste ano pelo Congresso Nacional, já rendeu avanços para o setor da irrigação. Tais possibilidades contribuíram com a previsão divulgada no início deste mês pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que apontou a safra de grãos 0,3% maior do que a estimada para o mês de maio. Coordenada pelo Ministério da Integração Nacional, a lei representa a retomada do planejamento da atividade no setor produtivo irrigado.
De acordo com os dados do Instituto, a produção nacional de grãos de café foi de 759.796 toneladas (12,7 milhões de sacas – de 60 kg), 3,4% maior que a produção prevista para maio. O resultado foi atribuído ás condições climáticas, aos tratos culturais adequados e á irrigação. Segundo o IBGE, nem mesmo os problemas enfrentados pelo período, como as temperaturas excessivas e a estiagem do começo deste ano, interferiram nos números positivos. “Com a irrigação passamos a ter o controle que não teríamos que é a do acesso da planta á água, á chuva ou ao sol. Passamos a ter um domínio de risco na produção e a tecnologia de ponta utilizada na irrigação transforma essa possibilidade”, explica o secretario Nacional de Irrigação do Ministério da Integração Nacional, Miguel Ivan.
Lavouras mantidas com irrigação
O uso de técnica de irrigação contribuiu para o aumento significativo da produtividade do café no oeste da Bahia. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) apresentou um pacote tecnológico e orientou os fazendeiros baianos para um novo manejo, o que gerou um incremento na rentabilidade dos cafezais em aproximadamente 25%. Hoje, na região, 37 fazendas colhem 470 mil sacas por ano. O ponto chave é uma nova maneira de manejar a irrigação. A técnica é conhecida como estresse hídrico ou stress hídrico. “A tecnologia do estresse hídrico, tem transformado a produtividade do café. Tanto na maior geração de renda para o produtor como na garantia de um café de maior qualidade”, afirma Miguel Ivan.
Segundo o pesquisador na área de irrigação e recursos hídricos da Embrapa, Lineu Rodrigues, não existe o melhor método de irrigação. “Na irrigação, se bem executada, pode-se obter com certa facilidade eficiências da ordem de 90%”, garante. No entanto, agricultura irrigada não pode ser aplicada em qualquer lugar. Apenas para áqueles lugares onde ela pode levar melhor a locação eficiente da produção agrícola. “O importante é que a irrigação seja bem feita, analisando-se a viabilidade técnica e econômica do projeto e também o seus benefícios sociais”, destaca.
O pesquisador ressaltou ainda que para cada técnica de irrigação existem diferentes tipos de sistemas. Os métodos são a forma pela qual se aplica a água nas culturas e podem ser classificados em: superfície, aspersão, localizada e subirrigação. “A existência de um grande número de sistemas se deve ao fato de se estar sempre buscando aumentar a eficiência de irrigação e a necessidade de adequação á variação do tipo de solo, características climáticas, cultura, suprimento de água, disponibilidade de energia e condições socioeconômicas e ambientais”, afirma.
Para Miguel Ivan, irrigação é sinônimo de desenvolvimento regional e contribui para o meio ambiente. Com a irrigação desmata-se menos, desloca os recursos de forma mais eficiente para a produção, gerando mais renda. “Irrigação não é sobre produto é sobre pessoas. Pessoas que querem gerar renda, que moram distante, pessoas que precisam do alimento com qualidade e que podem comprar o alimento com custo menor”, ressalta.