ULTIMAS NOTÍCIAS
27/12/2012
País é o que mais cresce mundialmente, aproximando-se hoje de 20 milhões de sacas de 60 kg
Guilherme Rossiny | Diario da Manhã
A área de pesquisas e informações da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) informa sobre o resultado do trabalho sobre o consumo anual de café no Brasil. De acordo com os estudos, o País é o que mais cresce mundialmente, aproximando-se hoje de 20 milhões de sacas de 60 quilos. O consumo per capita é de 6,18 quilos de café em grão cru ou 4,94 quilos de café torrado, o que representa quase 83 litros para cada brasileiro por ano.
Segundo o diretor executivo da Abic, Nathan Herszkowicz, contribuiu para esse incremento a melhoria da qualidade e ampliação da oferta de produtos inovadores e diferenciados, fatores que têm influenciado o perfil do consumidor no País.
Em outras palavras, pode-se dizer que esse patamar de consumo de café no País é fruto do trabalho da indústria e da pesquisa, esta realizada no âmbito do Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café. “Sem dúvida alguma, a contribuição da pesquisa tem sido a de melhorar as variedades/cultivares do café e incrementar a sustentabilidade e a produtividade. Isso amplia a oferta de grãos melhores, o que permite à indústria também melhorar a qualidade tanto dos cafés tradicionais quanto dos conceituados cafés gourmets”, diz Nathan.
As pesquisas investem em tecnologias sustentáveis, que aumentam a produtividade, a qualidade e a competitividade do produto, preservando o meio ambiente e garantindo dignidade social. Entre os investimentos em conhecimento e em recursos que visam ao crescimento da cafeicultura brasileira está a tecnologia de preparo do café cereja descascado. O mais tradicional modo de preparo de café até então era o natural (no qual o fruto é seco integralmente, com casca, polpa, mucilagem, pergaminho e semente). A tecnologia tornou possível a produção de café de qualidade em regiões anteriormente pouco indicadas para a obtenção desse produto. Após a separação das cascas, obtém-se o café pergaminho, que é submetido diretamente à secagem natural ou mecânica.
Pode-se citar também as pesquisas para o desenvolvimento de novas e melhores cultivares e em biotecnologia. Pesquisas de melhoramento genético, por exemplo, propiciaram o desenvolvimento de 36 cultivares, de arábica e conilon, resistentes às principais pragas e doenças do cafeeiro e adaptadas a determinadas condições climáticas, melhorando qualidade dos frutos e incrementando significativamente a produção
Há também disponível no mercado tecnologias para preparo, secagem e armazenamento de grãos, desenvolvidas com a liderança da Universidade Federal de Viçosa, participante do consórcio do café. São alternativas tecnológicas especialmente desenvolvidas para a agricultura familiar para oferecer, a custos compatíveis, uma infraestrutura mínima para que, independente das condições climáticas, o cafeicultor possa produzir café de qualidade superior, com economia de tempo, redução de custos e mão de obra empregada e maior rendimento operacional. É composta por um terreiro-secador híbrido, abanadora, silo secador e lavador portátil.
O desenvolvimento de sistemas de irrigação também contribuiu para incrementar a produtividade e a qualidade da produção, pois permite expandir o cultivo de café a regiões antes consideradas marginais e ainda a regiões antes reconhecidamente aptas somente à cafeicultura de sequeiro. Hoje sabe-se que o uso da irrigação na cafeicultura traz inúmeros benefícios, dentre os quais: aumento na produtividade e rentabilidade, maior eficiência na utilização de recursos, melhoria nas características e propriedades físicas do café e diminuição no risco da atividade. Estudos têm demonstrado incrementos na produtividade que variam de 46 a 110%, podendo chegar até 500%.
Outro exemplo na área de irrigação é o estresse hídrico controlado. A tecnologia, além de revolucionar a prática tradicional da irrigação frequente e continuada, garante mais produtividade, mais qualidade e menor custo, sendo também alternativa para a sustentabilidade social e ambiental da cafeicultura no Cerrado. A prática não custa nada mais ao produtor e ainda traz redução dos custos de água e energia, em média de 33%, economia no processo de colheita, inclusive com mão de obra. O processo tecnológico também permite a obtenção de 85% ou mais de frutos cerejas no momento da colheita, maximizando a produção de cafés especiais de maior valor de mercado. Além disso, garante redução de 20% para 10% de grãos mal formados.
Café é saudável
Desmistificando preconceitos e inserindo o café como uma bebida e um alimento natural, saudável e que beneficia a saúde humana, o Consórcio Pesquisa Café e a Abic uniram esforços na pesquisa sobre Café & Saúde. “Estamos colocando em prática a união da pesquisa agronômica com a biomédica, integrando os estudos que envolvem a planta de café no campo com os interesses do tema Café & Saúde, no âmbito do consumo da bebida”, diz o gerente geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo.
Os estudos estão concentrados basicamente em quatro linhas: café e metacognição, na qual foi constatado o efeito positivo do café no aprendizado das crianças; café e cérebro (constatou que o aroma do café tem um efeito poderoso sobre as regiões cognitivas e de recompensa do cérebro); café e antioxidantes (estuda a importância dos compostos antioxidantes do café, entre eles, os ácidos clorogênicos (contidos no grão verde e torrado) na prevenção da hipertensão e diabetes, como ativo antibactericida, antiviral, imunoestimulante e antidesmineralizante e ainda na regulação glicêmica e no controle do peso); café e coração (cujas avaliações até o momento mostram que não há evidências que o café seja ruim para pessoas com problemas no coração, pois doentes coronarianos submetidos ao consumo de café não apresentaram interferência na glicemia, nem taquicardia ou arritmia).
Comportamento do consumidor
Para o diretor-executivo da Abic, Nathan Herszkowicz, a melhoria na qualidade do café impulsiona o aumento do consumo tanto de cafés especiais como dos tradicionais. “Além de consumir mais xícaras, o brasileiro também está procurando a diversidade e a praticidade de outros produtos provenientes do café, como expressos, cappuccinos e outras combinações com leite. É importante observar que, nos grandes centros, o aumento do número de casas de café e das redes de cafeterias tem sido fundamental para a promoção, junto aos consumidores, de cafés finos, como o gourmet. Com seus baristas, essas cafeterias atuam como difusoras dos cafés de qualidade, mostrando aos consumidores as diferenças não só entre marcas, mas entre grãos de diferentes regiões produtoras, divulgando a cultura cafeeira do grão à xícara. Esses locais de consumo promovem também os diferentes métodos de preparo, servindo desde expressos até os filtrados, coados, feitos na prensa francesa ou mesmo no ibrik (que é o método de preparo do café turco)”.
Segundo o diretor executivo da Abic, pesquisas mostram que os jovens de 15 a 29 anos estão consumindo mais café e são bons frequentadores das casas de café. “O que tem atraído muitos jovens são as bebidas mais adocicadas, que combinam café com outros ingredientes, como sorvetes ou leite condensado e chantilly, preparados com muito capricho pelos baristas. O consumo fora do lar cresce muito, e aumentou 307% entre 2004 e 2010”.