Com valorização do Real, segmentos atrelados à agricultura tropical tomam lugar dos cereais no topo da lista
Apesar dos recordes registrados pela balança comercial em 2006, tanto no saldo obtido como nas exportações, alguns pontos em especial começam a despertar a atenção dos empresários e entidades envolvidos com o setor, principalmente no que diz respeito ao quantum de exportações e o dinamismo dos produtos com maior valor adicionado.
Cálculos do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) indicam que o quantum exportado no passado avançou 3,3%, mas ficou muito abaixo do incremento de preços, que atingiu 12,5%. O principal avanço ficou com o grupo de produtos Básicos (alta de 6%). Pelo lado das importações, a valorização do real impulsionou o quantum, que subiu 16,1% (ante 5,4% em 2005), enquanto os preços cresceram 7%.
Os Estados Unidos seguem como o principal país receptor das exportações brasileiras, com uma participação de 18%, um pouco abaixo dos 19,2% registrados em 2005. O NAFTA continua como a maior região receptora das vendas externas nacionais, apesar do baixo crescimento €” 9,2%, entre 2005 e 2006.
A Argentina (8,5%) e a China (6,1%) também possuem participações relevantes, e as vendas para tais mercados apresentaram forte avanço no ano passado €” 18,1% e 22,9%, respectivamente.
As exportações mostraram um crescimento mais expressivo para as regiões da AELC (Associação Européia de Livre Comércio), da ALADI (Associação Latino-Americana de Integração) e do Oriente Médio, com 45,7%, 34,8% e 34,0% respectivamente.
Agricultura tropical substitui mercado de cereais
Em avaliação adaptada da metodologia empregada pelo Banco Mundial, 13 setores aparecem com destaque: Petróleo, Matérias Primas, Produtos Florestais, Agricultura Tropical, Produtos Animais, Cereais etc, Intensivo em Trabalho, Intensivo em Capital, Maquinaria eletroeletrônica, Maquinaria -veículos rodoviários, Maquinaria €” outros de transporte, Maquinaria-demais (bens de capital) e Química.
Na análise do saldo comercial gerado ao longo de 2006, o setor de cereais (com ênfase para soja e milho) deixou de ser destaque, para dar lugar ao segmento de agricultura tropical, em especial açácar e café. O segmento respondeu por US$ 11,2 bilhões, ou 24,2% do total. A produção de cereais aparece logo em seguida, respondendo por US$ 10,4 bilhões (22,6% do saldo) e o setor intensivo em capital, onde se destaca aço e manufaturados de ferro, que gerou US$ 9,5 bilhões (20,6% do total).
Entre os segmentos deficitários, o segmento de maquinaria eletroeletrônica se sobressaiu com um déficit bem mais significativo (33,8%), ultrapassando o déficit do setor químico, que vem melhorando nos áltimos dois anos embora permaneça deficitário.
Ao mesmo tempo, a entidade ressalta que alguns dos principais macro-setores que geram saldo comercial à economia não mantiveram o mesmo dinamismo dos anos anteriores. Embora permaneça com saldos consideráveis, os setores de cereais e intensivo em capital deram lugar à agricultura tropical.
Segundo o IEDI, uma boa parte do aumento de saldo também foi registrado em matérias-primas (especialmente minério de ferro e alumínio), atingindo US$ 7,8 bilhões em 2006, contra US$ 6,4 bilhões e US$ 3,8 bilhões nos dois anos anteriores. Enquanto isso, macro-setores que são tradicionalmente deficitários €” como maquinaria eletroeletrônica, química e petróleo €” permaneceram em condições semelhantes. Alguns destes segmentos deficitários são tidos pela OCDE como de alta ou média-alta tecnologia: eletroeletrônicos e bens químicos.
De acordo com a entidade, o Brasil depende de bens intensivos em recursos naturais ou gerados pela indástria de transformação de baixa e média-baixa tecnologia, mas os setores de média-alta e alta tecnologia (atrelados aos quatro segmentos de maquinaria) registram déficits crescentes ou déficits elevados, reforçando a necessidade da implantação de políticas para aproximar o Brasil dos mercados exportadores.
Essa necessidade fica evidente na análise da corrente comercial. Embora o valor tenha atingido seu recorde histórico €” US$ 228,9 bilhões, 19,2% acima do obtido em 2005 (US$ 191,9 bilhões) €” a corrente do comércio como porcentagem do PIB permaneceu em níveis semelhantes aos de anos anteriores, mesmo com a forte valorização (23,9% em 2006 e 24,2% em 2005), devido a valorização do Real frente ao dólar.
Tatiane Correia
Com valorização do Real, segmentos atrelados à agricultura tropical tomam lugar dos cereais no topo da lista
Apesar dos recordes registrados pela balança comercial em 2006, tanto no saldo obtido como nas exportações, alguns pontos em especial começam a despertar a atenção dos empresários e entidades envolvidos com o setor, principalmente no que diz respeito ao quantum de exportações e o dinamismo dos produtos com maior valor adicionado.
Cálculos do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) indicam que o quantum exportado no passado avançou 3,3%, mas ficou muito abaixo do incremento de preços, que atingiu 12,5%. O principal avanço ficou com o grupo de produtos Básicos (alta de 6%). Pelo lado das importações, a valorização do real impulsionou o quantum, que subiu 16,1% (ante 5,4% em 2005), enquanto os preços cresceram 7%.
Os Estados Unidos seguem como o principal país receptor das exportações brasileiras, com uma participação de 18%, um pouco abaixo dos 19,2% registrados em 2005. O NAFTA continua como a maior região receptora das vendas externas nacionais, apesar do baixo crescimento €” 9,2%, entre 2005 e 2006.
A Argentina (8,5%) e a China (6,1%) também possuem participações relevantes, e as vendas para tais mercados apresentaram forte avanço no ano passado €” 18,1% e 22,9%, respectivamente.
As exportações mostraram um crescimento mais expressivo para as regiões da AELC (Associação Européia de Livre Comércio), da ALADI (Associação Latino-Americana de Integração) e do Oriente Médio, com 45,7%, 34,8% e 34,0% respectivamente.
Agricultura tropical substitui mercado de cereais
Em avaliação adaptada da metodologia empregada pelo Banco Mundial, 13 setores aparecem com destaque: Petróleo, Matérias Primas, Produtos Florestais, Agricultura Tropical, Produtos Animais, Cereais etc, Intensivo em Trabalho, Intensivo em Capital, Maquinaria eletroeletrônica, Maquinaria -veículos rodoviários, Maquinaria €” outros de transporte, Maquinaria-demais (bens de capital) e Química.
Na análise do saldo comercial gerado ao longo de 2006, o setor de cereais (com ênfase para soja e milho) deixou de ser destaque, para dar lugar ao segmento de agricultura tropical, em especial açácar e café. O segmento respondeu por US$ 11,2 bilhões, ou 24,2% do total. A produção de cereais aparece logo em seguida, respondendo por US$ 10,4 bilhões (22,6% do saldo) e o setor intensivo em capital, onde se destaca aço e manufaturados de ferro, que gerou US$ 9,5 bilhões (20,6% do total).
Entre os segmentos deficitários, o segmento de maquinaria eletroeletrônica se sobressaiu com um déficit bem mais significativo (33,8%), ultrapassando o déficit do setor químico, que vem melhorando nos áltimos dois anos embora permaneça deficitário.
Ao mesmo tempo, a entidade ressalta que alguns dos principais macro-setores que geram saldo comercial à economia não mantiveram o mesmo dinamismo dos anos anteriores. Embora permaneça com saldos consideráveis, os setores de cereais e intensivo em capital deram lugar à agricultura tropical.
Segundo o IEDI, uma boa parte do aumento de saldo também foi registrado em matérias-primas (especialmente minério de ferro e alumínio), atingindo US$ 7,8 bilhões em 2006, contra US$ 6,4 bilhões e US$ 3,8 bilhões nos dois anos anteriores. Enquanto isso, macro-setores que são tradicionalmente deficitários €” como maquinaria eletroeletrônica, química e petróleo €” permaneceram em condições semelhantes. Alguns destes segmentos deficitários são tidos pela OCDE como de alta ou média-alta tecnologia: eletroeletrônicos e bens químicos.
De acordo com a entidade, o Brasil depende de bens intensivos em recursos naturais ou gerados pela indástria de transformação de baixa e média-baixa tecnologia, mas os setores de média-alta e alta tecnologia (atrelados aos quatro segmentos de maquinaria) registram déficits crescentes ou déficits elevados, reforçando a necessidade da implantação de políticas para aproximar o Brasil dos mercados exportadores.
Essa necessidade fica evidente na análise da corrente comercial. Embora o valor tenha atingido seu recorde histórico €” US$ 228,9 bilhões, 19,2% acima do obtido em 2005 (US$ 191,9 bilhões) €” a corrente do comércio como porcentagem do PIB permaneceu em níveis semelhantes aos de anos anteriores, mesmo com a forte valorização (23,9% em 2006 e 24,2% em 2005), devido a valorização do Real frente ao dólar.
Tatiane Correia