ARTIGO – Um investimento cafeeiro, seus resultados e conseqüências.

Abaixo estarei apresentando o resumo de um relatório sobre o diagnóstico de
uma propriedade cafeeira no sul de Minas Gerais, considerando todos os custos de
produção e investimentos, desde dez/2002.

O investimento na atividade
fora planejado operacional e estrategicamente no inicio.

A área cafeeira
ocupa 50% da área total da propriedade, a qual fora adquirida especificamente
como forma de investimento econômico, com seus devidos retornos de capital e
lucros.
Não houve investimentos supérfluos, obedecendo apenas aos critérios
do mínimo necessário à produção com sua infra-estrutura operacional.

As
relações entre a escolha por lavouras mecanizadas e manualmente conduzidas foram
devidamente avaliadas com antecipação e apesar da topografia ser apta à
mecanização em quase toda a totalidade da área, a opção fora manual e com
lavouras com taxa de ocupação de 1,44 m2 /planta. As variedades plantadas foram
as mais modernas e eficientes à época -2003 – e de porte baixo. Os tratos
culturais obedeceram rigorosamente às necessidades exigidas pelo solo e plantas.
Os comparativos referentes aos custos planejados antecipadamente, em relação aos
realizados tiveram precisão média de 1,7%, mensal e anualmente, pelo período de
07 anos consecutivos.

Observarão que a recuperação de capital investido é
fundamental e possui prazos definidos para isto. O prazo redefinido atualmente
supera em 100% o prazo inicial, sendo um aspecto negativo e
comprometedor.

A propriedade é certificada, porém, devido a todo o
trabalho de planejamentos com padronizações de processos desde a implantação,
não foram disponibilizados custos adicionais na obtenção desta certificação,
pois as exigências já estavam sedimentadas antecipadamente.
Observarão com
precisão o grande problema que a atividade enfrenta devido aos aviltados preços
do produto.

Esta propriedade mesmo conduzida manualmente, seguramente,
apresenta eficiência de produtividade e custos em relação à grande maioria.


A mecanização para ser eficiente em redução de custos se justificaria
apenas se otimizada, o que raramente ocorre em fazendas cafeeiras,
principalmente no sul de Minas e São Paulo, elevando assim potencialmente os
custos horários das máquinas e inviabilizando o investimento. Porém, desde que
presente a mão-de-obra, em quantidade e custos compatíveis para a execução das
atividades. Somos, hoje, cientes dos problemas dos custos elevados e escassez da
mão-de-obra, porém, em nosso caso, estão equacionados estrategicamente e a
utilizando de forma competitiva, com equilíbrio financeiro e operacional aos
processos que desta dependam.

A finalidade desta divulgação se faz
necessária devido ao amadorismo constante à atividade, onde poucos sabem o que
acontece fielmente em seus negócios.

Algumas respostas sobre custos de
produção e retorno de capital são devidamente citadas.
A localização e
identidade da propriedade são preservadas e assim serão mantidas. 







































































Tabela 1-
Resumo

Ano
agrícola


Custos (R$)


Investimentos (R$)


Custos


Investimentos atualizados (R$)


Atualizados
(R$)


2002/03


 


606.437,47 (1)


 


(1)
933.203,66


2003/04


 


184.232,16


 


262.283,11


2004/05


65.165,03


212.414,03


84.972.11


276.977,82


2005/06


241.113,41


4.624,00


290.224,73


5.565,84


2006/07


221.698,70


2.461,00


247.776,72


2.750,48


2007/08


304.299,39


 


315.193,31


 


2008/09


(2)
160.000,00


(2)
65.410,1


160.000


65.410,10


Totais


992.276,53


1.075.578,80


1.098.166,90


1.546.191,00

(1) Os investimentos em 2002/2003 incluem a aquisição da
propriedade.
(2) Todas as lavouras deste específico ano agrícola receberam
apenas uma adubação de solo,
devido a falta de perspectivas de reação dos
preços do café em relação aos custos planejados.



Custos + Investimentos (atualizados) = R$ 2.644.357,90






























Tabela 2 – Índice de correção pela
Poupança

Ano


Índice anual de correção da
poupança (%) (jan/dez)


2004


8,09


2005


9,18


2006


8,33


2007


7,7


2008


7,9


2009 (jan/junho)


3,58



Receitas


Receita até julho/2009 = R$
828.328,00

Receita safra 2009 (projeção) = 700 sacas X
R$ 261,00 (Preço Mínimo de Garantia) = R$ 182.700,00

Receita
total (incluindo a projeção da safra atual)
= R$
1.011.028,00









































Tabela 3 –
Receitas

Data


Receita (R$)


Receita atualizada (R$)


out/05


28.628,00


37.330,00


out/06


424.000,00


510.363,00


dez/07


239.700,00


267.895,00


dez/08


136.000,00


140.868,00


Dez/2009 (Projeção)


182.700,00


182.700,00


Total


1.011.028,00


1.139.156,00



Produção/Produtividades e custos unitários/saca





































































Tabela 4 –
Análise

Ano agrícola


Área em produção (hectares)


Produção em sacas


Produtividade média sacas/hectare


Custo por saca (R$)


2002/03


1,4


37


26,43


Fase de Investimento


2003/04


11,9


70


5,88


Fase de Investimento


2004/05


10,8


400


(4)
37,03


162,91


2005/06


31,63


1.110


(4)
35,09


217,21


2006/07


31,63


887


(4) 28,04


249,94


2007/08


31,63


1.137


(4)
35,95


267,63


2008/09


18,5


(3) 700


(4)
37,83


(3)228,50


Total


 


4.341


 


 

(3) Projeções – Obs. Lavouras tiveram apenas uma aplicação
de adubação de solo.
(4) Produtividade média = 34,78 sacas/hectare. Em 32,7%
da área cafeeira as lavouras
foram esqueletadas após a colheita de
2008.
Os custos unitários acima – Tabela 4 – não sofreram correções
monetárias.


ü     
Custo médio por saca (sem reajustes) = R$
228,58


ü     
Custo médio por saca (aplicando os reajustes) = R$
252,97



Resumo

Custos (atualizados) = R$
1.098.166,90

Investimentos (atualizados) = R$
1.546.191,00


Custos + Investimentos ( atualizados) = R$
2.644.357,90

Receita atualizada = R$
1.139.156,00

Receitas – custos (atualizados) = R$
40.989,10

Resultado = (Custos + Investimentos) – Receitas =
R$1.505.201,90

Recuperação de capital de investimento =
2,65%, em 07 anos.


Conclusão

Considerando o perfil da propriedade e
sua localização no sul de Minas Gerais, podemos defini-la como de porte pequeno
a médio, em área plantada e produção, respectivamente.

Considerando a
ausência de mecanização, que produziria maior dinâmica nas atividades, porém,
devido ao tamanho da área plantada provocaria o subdimensionamento de horas
trabalhadas e por conseqüência a elevação dos custos operacionais.

Em
compensação a este aspecto fora ajustado o perfil das lavouras a um adensamento
maior no sentido de aumento de produtividade e redução dos custos principalmente
no processo Capinas.

Considerando sob os efeitos climáticos de
aquecimento global e precipitação pluviométrica insuficiente em alguns períodos,
o adensamento apesar de afetado com retração acentuada da produtividade
planejada nestes períodos, sofreu menor estresse que lavouras de plantio
aberto.
Considerando também que as lavouras com perfil mais adensado (67,3%)
possuem idade de 06 anos e o restante (32,7%) também com idade de 06 anos
através de renovação por recepas, a produtividade média obtida apesar de
retraída em relação aos planejamentos se mostra muito acima das demais
propriedades, retratada pelo dobro da média brasileira.

Considerando, que
a propriedade implantou o sistema de planejamento operacional por processos com
padronização de todas as atividades e processos, seu custo produtivo possui uma
redução expressiva em relação ao que ocorre com a média brasileira, podendo
atingir até 50% do custo médio entre as demais.


Desta forma
devemos considerar que:


1.    
Os
custos estão minimizados e otimizados sob os aspectos técnicos de planejamento
operacional.


2.    
As
lavouras estão obedecendo aos procedimentos planejados de
renovação.


3.    
Os
preços pagos ao produto café não estão remuneradores, conforme comprovado
abaixo:


a.    
O
custo produtivo médio anual considerando as 04 últimas safras é de
R$231.777,88.


b.    
Os
custos de investimentos deverão ser recuperados em no máximo 15 anos a partir do
ponto inicial (dez/2002). Portanto, teremos:
R$ 1.464.212,80 / 08 anos
restantes (15-7) = R$183.026,60


c.    
O
somatório da média dos custos produtivos e de recuperação de capital é de
R$414.804,48, sendo este o custo médio total projetado para o próximo ano
agrícola 2009/2010.


d.    
Pelo
fato de termos iniciado o processo de renovação das lavouras por
esqueletamentos, consideraremos a mesma produtividade média obtida
anteriormente, bem como as produções médias das últimas 04 safras, portanto
teremos:
Produção média = 960 sacas. Esta condição será a mínima admissível,
cientes que a produção e produtividade deverão ser maiores.
Produtividade
média = 34,78 sacas/hectare.
Custo médio unitário = R$ 432,00
Sobre o
custo médio operacional, deveremos obrigatoriamente considerar a retirada
pró-labore, sendo custo, que neste caso a dimensionaremos em 7%, produzindo
assim o custo médio de R$450,00, como
mínimo para esta produtividade e produção.


4.    
Pelo
exposto acima, rigorosa e tecnicamente comprovado, constatam-se fatores de suma
importância, como:


a.    
A
produtividade obtida é considerada o dobro da média brasileira, apesar de
retraída ante aos nossos planejamentos.


b.    
Os
custos estão otimizados e minimizados, portanto, trabalhados e obtidos
tecnicamente.


c.    
Assim,
o problema se encontra fundamentalmente localizado nos baixos preços pagos ao
produto café, os quais deveriam estar em condição mínima iguais aos custos
expostos acima.


Em
solução ao problema dos preços somente regras e políticas, claras e precisas,
criadas e estabelecidas pelas representatividades da classe e governo poderão
ser solucionados. Mas, para isto necessitará uma reestruturação completa do
atual sistema. Devemos lembrar que os preços pagos aos cafés colombianos e
Centrais obtêm preços acima dos custos referidos, portanto, o próprio mercado
internacional reconhece como verdadeira a exposição de custos acima, pelas
regras naturais de equilíbrio e satisfação entre as partes. Com isto,
justifica-se a incompetência e incapacidade total do atual sistema, provocando
total desequilíbrio econômico e financeiro na atividade produtiva.


Varginha,
10 de julho de 2009.


Engº José Eduardo Reis Leão
Teixeira
Estrada Consultoria

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