Manejo integrado da mancha de phoma no cafeeiro
Coffee Break
18/02/2009
* Antônio Fernando de Souza
A mancha de phoma do cafeeiro é uma doença fúngica que ocorre em vários países do mundo onde se cultiva café em áreas de altitudes mais elevadas, causando prejuízos inestimáveis. O gênero Phoma compreende mais de 2000 espécies que estão agrupadas em nove seções. Algumas espécies são relacionadas como importantes patógenos da parte aérea do cafeeiro. No Brasil já foram encontradas mais de cinco espécies desse fungo. Entretanto duas espécies são as mais conhecidas: Phoma costarricensis e Phoma sp.
Independente da espécie envolvida, este fungo ataca folhas, flores, frutos e ramos do cafeeiro, produzindo lesões bem características. Os danos causados por essa doença se fazem refletir diretamente na produção, uma vez que ocorre a morte dos botões florais, das brotações novas, queda de frutinhos e má granação dos frutos devido à desfolha, comprometendo o desenvolvimento e a futura produção da planta.
Os danos indiretos causados pela doença é a desfolha e a seca das extremidades dos ramos, que leva a uma redução na produção do ano e na produção do ano seguinte, além de produzir uma bebida de qualidade inferior.
Ataques sucessivos da doença acarretam intenso brotamento dos ramos laterais, reduzindo o arejamento e a penetração de luz no interior do cafeeiro. Surtos esporádicos também podem ocorrer em mudas nos viveiros ou no campo se as plantas forem expostas a ventos frios, mesmo em altitudes inferiores a 900 m.
Ataque severo — A mancha de phoma vem aumentando sua importância econômica nos últimos anos em razão dos prejuízos que causa na produção. Tem sido grande problema para instalação de lavouras cafeeiras em regiões de altitude elevada ou nos topos dos morros, como ocorre no Estado do Espírito Santo e algumas localidades na Zona da Mata Mineira. As maiores perdas são verificadas em plantações sujeitas à ação de ventos frios, principalmente nos anos com excesso de chuvas no inverno. A doença pode limitar o plantio de café em regiões altas como nos chapadões do Triângulo Mineiro, sul de Minas e oeste da Bahia.
Manejo da doença — O controle preventivo tem sido a principal medida recomendada para manejo da doença. Deve-se começar pela adoção de uma série de medidas culturais que têm como objetivo prevenir a instalação da doença e facilitar o controle químico, quando este for empregado. Sabemos que, em regiões muito favoráveis, o controle químico por si só não controla satisfatoriamente a doença.
Algumas medidas preventivas de controle:
• Os viveiros devem ser formados em locais bem drenados e protegidos contra ventos frios e dominantes. Deve-se também controlar a irrigação, evitando o excesso de umidade no viveiro. Recomenda-se ainda, aumentar o espaçamento das plantas no viveiro para permitir maior arejamento e, com isto, conseguir reduzir a severidade da doença.
• A escolha da área onde será implantada uma lavoura de café é de grande importância, por isso devem-se evitar áreas desprotegidas (como os topos dos morros), sujeitas aos ventos fortes e frios. A implantação adequada de quebra-vento é uma opção para as áreas em formação. Deve-se levar em consideração que a instalação de quebra vento segue critérios técnicos, porque, se for feita de forma inadequada, pode canalizar o vento para a lavoura e não interceptá-lo. Dessa forma, estaria favorecendo ao invés de controlar a doença.
• Lavouras adultas, situadas em áreas onde a doença possa apresentar caráter epidêmico, devem também ser protegidas, iniciando-se pela instalação de quebra-ventos provisórios com plantas de crescimento mais rápido e promovendo-se, simultaneamente, o plantio de plantas arbóreas perenes recomendadas para esta finalidade.
• Considerar sempre que, lavouras formadas em altitudes superiores a 900 m estão mais sujeitas ao ataque do patógeno, e nessas condições, a implantação de quebra ventos é de fundamental importância para o manejo integrado da doença.
• A adubação equilibrada das plantas evita o desequilíbrio nutricional, diminuindo desta forma o esgotamento dos ramos produtivos, o que abriria a porta para entrada do fungo. A redução da adubação nitrogenada em lavouras muito enfolhadas e em áreas sujeita a neblina, ajuda a reduzir a incidência da doença.
• A aplicação da calda viçosa após o florescimento protege os frutos novos contra a penetração do fungo, além de ajudar na nutrição da planta, fornecendo micronutrientes via foliar para o cafeeiro.
* Antônio Fernando de Souza é Doutor em Fitopatologia, da Universidade Federal de Viçosa.