fonte: Cepea

Artigo de Luiz Hafers – Drawback: o momento é de negociação e não de enfrentamento

Luiz Hafers fechou a discussão até ontem com um artigo claro, conciso e objetivo

3 de fevereiro de 2007 | Sem comentários Mais Café Opinião
Por: Luiz Hafers*

Cafeicultor Luiz Harfs -


A produção tem toda razão em temer o drawback e a indústria de solúvel tem toda a razão em precisar do drawback. É esse o impasse a ser resolvido por uma negociação madura e inteligente que assegure a solução aos medos justificados dos cafeicultores e resolva a necessidade da indústria de solúvel.


Sobre os medos dos produtores. O primeiro é fito sanitário. Queremos ter absoluta certeza de que não há risco de doenças, a CBD a mais temível. Seria isso possível? Importar semi torrado seria uma solução?


O segundo é o medo de uma importação indiscriminada e desregulada. Quando a importação a juros menores disfarçariam uma importação de empréstimos. Isso já aconteceu no algodão com resultado trágico.


A sugestão inicial é que haveriam quotas mensais e somente para o saldo do aumento de exportação do solúvel.


O lado das indústrias com razão aponta a perda de participação do solúvel brasileiro no mundo pela perda de competitividade. Essa perda não é só por falta de drawback. A taxa de 9% do UE é desastrosa. Os créditos difíceis de ICMS, outro problema. Não é só drawback que afasta investimentos no Brasil. Inúmeras fábricas estão sendo montadas no exterior quando assegurado suprimento ilimitado.


O aumento de consumo mundial será em países novos e com preço baixo; não se começa tomar café com coador e qualidade.


O acesso da indústria nacional e esses cafés baixos e baratos daria novo impulso a essa indústria que é do interesse do Brasil e da própria cafeicultura.


O que nós produtores não podemos é reclamar e não discutir. O meu medo que ao invés de negociarmos uma solução aceitável seremos um dia surpreendidos por uma medida abrangente com casca e tudo.


Os impasses não negociados levam à ruptura, à guerra. E como todos sabem nós agricultores somos a parte mais fraca.


Daí minha posição clara e convicta de negociação e não de enfrentamento, bravata e conflito.


Publicado em 31/Janeiro/2007


 


* Quem é Luiz Hafers


Luiz Marcos Suplicy Hafers nasceu em Santos, estado de São Paulo, em 1935. Filho de família tradicional nos negócios de café desde 1840 trabalhou como corretor e exportador de algodão na empresa da família da década de 50 até a década de 70. Viajou o mundo inteiro vendendo algodão. Começou com agricultura em terras arrendadas em 1958, comprou a primeira fazenda de café no Norte do Paraná em 1962, participou de grandes reflorestamentos nos anos 70 que resultaram a fábrica da Pisa Papel de Imprensa S/A da qual foi um dos fundadores junto com o grupo O Estado de S. Paulo. Fazendeiro no Oeste Baiano com café e gado desde 1989. Foi Presidente da Sociedade Rural Brasileira de 1996 à 2002 e sempre está presente nas grandes discussões sobre a agricultura brasileira. Atualmente é Conselheiro da Sociedade Rural Brasileira. É presidente da unidade de reflexão Política para quê?


 

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