11/11/2009
Flávia Maria de Mello Bliska
Dra. em Economia Aplicada.
Pesquisadora do Centro de Café ‘Alcides Carvalho’,
Instituto Agronômico de
Campinas
Celso Luis Rodrigues Vegro
Mestre
em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade e Pesquisador do IEA
A
cultura do café, dispersa por grande parte do território nacional, apresenta
tendência de longo prazo de crescimento da produção e produtividade e
desenvolveu-se influenciada e influenciando um conjunto de fatores, tais como:
cotações internacionais, concorrência de outros países, incentivos
governamentais, condições edafoclimáticas, investimento em pesquisa,
desenvolvimento científico e tecnológico, dimensões e dinamismo de inovações,
bienalidade especialmente do café arábica.
Essas condições geraram pacotes e níveis de emprego tecnológico distintos e
consequentemente níveis de competitividade e custos de produção diferenciados.
Ou seja, nas diversas regiões cafeeiras brasileiras, há significativas
diferenças de rendimento entre as propriedades, resultantes das diferentes
tecnologias e modelos de gestão adotados.
Atualmente, o sistema de gestão é considerado fundamental para a
competitividade da propriedade. E a análise do custo de produção é um dos
principais instrumentos de gestão disponíveis para acompanhamento da economia
cafeeira.
O cálculo e a comparação dos custos de produção nos diferentes sistemas de
produção de café, predominantes nas principais regiões produtoras do País, é
importante para os cafeicultores consolidarem o acompanhamento de suas lavouras
e para subsidiar políticas públicas setoriais específicas para cada região.
Especialmente quando é possível fazer uma análise geral e de escopo
homogêneo.
Para permitir essa análise geral, desenvolveu-se um modelo para avaliação de
custo de produção, mediante compatibilização de metodologias utilizadas por
diversas instituições públicas e privadas. Por meio da aplicação de um
questionário in loco, com técnicos, especialistas ou componentes atuantes da
cadeia produtiva (informantes-chave) de cada uma das principais regiões
cafeeiras do Brasil.
Foram levantados dados primários referentes às operações de produção, insumos
e materiais consumidos, máquinas e implementos agrícolas utilizados no ano
agrícola e respectivos preços. Foram adotados como critérios para amostragem a
homogeneidade da cafeicultura local e a participação dos sistemas de produção de
café regionais no volume total da produção de café produzido na respectiva
região.
Embora o levantamento se refira especificamente ao ano agrícola 2005/2006
(safra 2006), ele é muito importante, pois permite a comparação dos custos de
produção entre as regiões cafeeiras, em uma mesma safra, utilizando-se da mesma
metodologia, uma oportunidade excelente para avaliação de algumas das vantagens
comparativas entre regiões cafeeiras (Quadro 1).
Em uma série de artigos a serem publicados nas próximas semanas serão
apresentados os custos operacionais respectivamente para cada uma das regiões
cafeeiras dos principais estados produtores brasileiros.
Também serão apresentados os resultados subdivididos por atividade do sistema
de produção (considerando-se o total gasto com insumos e com operações), em
valores monetários (R$/saca beneficiada de 60kg) e em percentagem em relação ao
custo total da saca beneficiada (%/sc), o que permitirá ao produtor visualizar
os pontos de seu sistema de produção que merecem maior atenção ou até mesmo uma
reestruturação. As atividades consideradas serão: nutrição, fitossanidade,
controle do mato, colheita, preparo, beneficiamento e o total dos demais
custos.
Quadro 1. Custos operacionais totais de produção do café das principais
regiões produtoras brasileiras (Minas Gerais, Espírito santo, São Paulo, Paraná,
Bahia e Rondônia)* (R$/ha e R$/saca de 60kg), safra 2006.
* Médias aritméticas por espécie e região.
Fonte: resultados do
estudo.
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