Comentário Semanal – de 2 a 6 de dezembro de 2013
A economia americana mostra sinais mais animadores com a taxa de desemprego em 7% (o menor nível desde 2008), a melhora na atividade industrial e também com o aumento dos gastos pessoais em novembro. O índice de confiança do consumidor reflete o bom momento, que por consequência provê suporte ao mercado acionário local.
Enquanto isto na Europa a realidade é desanimadora, o que faz com que muitos apostem em mais estímulos em 2014. Os bancos centrais europeu e britânico mantiveram as taxas de juros inalteradas, dentro do esperado, mas o humor continua ruim e as principais bolsas da região caíram entre 1.5% e 5% na semana.
Entre os emergentes a China vai demonstrando uma recuperação razoável, tanto com um aumento da atividade industrial, como com a melhora na sua balança comercial, que em novembro teve um superávit recorde nos últimos quatro anos de 33.8 bilhões de dólares, puxado pelo aumento das exportações.
Os índices das commodities encerraram os últimos cinco dias com alta entre 1% e 2%, puxados pelas matérias-primas de energia e pelos metais.
O café em Nova Iorque teve uma performance negativa, com queda de US$ 5.89 por saca, ao mesmo tempo que em Londres o comportamento não poderia ter sido mais positivo, com a alta de US$ 4.74 de saca. O resultado é o estreitamento da arbitragem para impensáveis US$ 29.56 centavos por libra, nível que não deve se sustentar por muito tempo, e é uma grande oportunidade de venda.
O “C” bem que tentou pegar carona com o robusta na quarta-feira, justamente no dia que o contrato da LIFFE “resolveu” tomar lucros. Não demorou muito para que o arábica perdesse força e então chamasse os produtores para fazer suas fixações, levando os preços para US$ 105.65 centavos, apenas a US$ 1.50 centavos da mínima dos últimos anos, do dia 6 de novembro. Não há dúvida que os fundos de curto prazo também pressionaram as cotações, diminuindo suas posições vendidas.
A volatilidade tanto da moeda brasileira como de Londres deixou os operadores assustados, mas proporcionou algumas oportunidades de negociações no mercado físico. Na principal origem, os cafés de qualidade comerciais e de segunda linha têm recuperado, diminuindo a diferença para os cafés mais finos.
Não custa mencionar que se não houve pressa dos produtores brasileiros em vender seus cafés até agora, certamente a velocidade de vendas deve diminuir até meados do 2º trimestre de 2014, o que deve causar firmeza nos diferenciais. Na Colômbia o basis apreciou, e as outras origens do arábica não devem exercer tanta pressão.
O USDA (Departamento de Agricultura Americano) divulgou sua estimativa para a produção vietnamita para a safra 2013/2014 em 29 milhões de sacas, 9.43% maior do que as 26.5 milhões de sacas de 2012/2013. O carry-over, segundo o órgão, está em 2,005 milhões de sacas, e o prognóstico é que em setembro do ano que vem esteja em 3,705 milhões de sacas.
O quadro de superávit global no café continua sendo o principal motivo para os baixistas dominarem as atenções nas conversas dos jantares e festas de final de ano, mas não custa lembrar que não há uma estatística recentemente divulgada que seja novidade, portanto muito já está no preço.
A firmeza do spread Janeiro / Março em Londres e do “outright”, assim como a arbitragem NY/LN, podem trazer compras para Nova Iorque e fazer com que os preços voltem acima de US$ 110 centavos.
Resumo: ainda há esperanças para que as cotações fechem o ano em três dígitos, e não em dois como todos têm dito e escrito.
Uma boa semana e muito bons negócios a todos.
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer