09/12/2009 – O programa Prosa Rural desta semana fala sobre os efeitos da variação climática na agricultura e as soluções já encontradas pela pesquisa para minimizar esses efeitos na cultura do café. A partir dos resultados da pesquisa realizada pela Embrapa em parceria com a Universidade de Campinas (Unicamp/SP) sobre o aquecimento global e a produção de alimentos no Brasil, o pesquisador Eduardo Delgado Assad, da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas/SP), diz quais são as soluções encontradas pelos pesquisadores que podem mitigar esses efeitos.
Segundo Assad, o efeito da temperatura elevada já tem influenciado na cultura do café da espécie arábica, que é largamente cultivada no país.. “O efeito da temperatura elevada no abortamento da flor está sendo acompanhando com muito mais freqüência na região de São Paulo, no sul de Minas e no Cerrado. No Cerrado, então, há imagens e testemunhos que as flores queimam em decorrência das temperaturas muito elevadas”, destaca Assad.
Ele explica que o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, concluído em 2001, levou em conta as incidências de deficiência hídrica, geadas e temperaturas elevadas para avaliar a situação do café no país. Observou-se que as ondas de calor e períodos com temperaturas acima de 34 graus, que é onde o café aborta flor, estão acontecendo com mais freqüência. Segundo o pesquisador, abortos sucessivos de floradas de café, acompanhados de deficiência hídrica, comprometem a cultura do café arábica não irrigado, causando impactos na sua qualidade.
Assad explica que há fortes evidências que a temperatura mínima, entre 1960 e 2010, já subiu mais de um grau e meio em várias regiões do Brasil. Essa temperatura provoca reflexos nos picos de calor e impactos sobre determinadas culturas, como a do café da espécie arábica.
Para mitigar os efeitos das temperaturas elevadas, Assad recomenda ao produtor rural fazer sombreamento, adubação e irrigação nas lavouras de café. O pesquisador também informa que já estão sendo realizados estudos de melhoramento genético de cultivares de café para torná-las mais resistentes às altas temperaturas.
Essas pesquisas são realizadas em várias instituições ligadas ao Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café. “Já existe, inclusive, um projeto de pesquisa em melhoramento genético de café mostrando a mistura das espécies conillon com arábica, que poderá suportar temperaturas mais altas. Além disso, há uma série de trabalhos no campo, com produtores rurais, cuja orientação é realizar o sombreamento do café com espécies frutíferas ou madeireiras”, afirma.
Saiba mais sobre o aquecimento global e a produção cafeeira no Brasil no programa que vai ao ar esta semana. O Prosa Rural é o programa de rádio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e tem o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
As informações partem da Embrapa Café, conforme noticiou o Agrolink.
Fonte: Café e Mercado